Cura para o câncer pode estar no veneno da vespa brasileira
Por Redação
Yahoo! Brasil | Yahoo Notícias – 03/09/2015
Já foi picado por uma vespa “paulistinha”, típica
de região sudeste do Brasil? Pois é capaz que você esteja se prevenindo de
algum tipo de câncer ao sentir aquele ferrão bastante dolorido, seguido de
inchaço. Conhecida também como “marimbondo”, a vespa Polybia paulista pode ter em seu veneno uma toxina que destrói as células
cancerígenas.
Conhecida também como 'marimbondo', a
'paulistinha' tem a toxina MP1 no seu veneno. (CC/Flickr)
De acordo com um grupo de pesquisadores brasileiros e britânicos –
da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de Leeds,
respectivamente – a toxina MP1 abre buracos somente nas células com atividade
cancerosa, deixando as saudáveis intáctas.
Paul
Beales, da universidade inglesa, explica que a MP1 é extremamente seletiva e
interage com os lipídios (moléculas de gordura), literalmente furando a
membrana da célula e permitindo que outras moléculas essenciais escapem.
“Terapias contra o câncer que atacam a composição de lipídios da
membrana da célula seriam uma classe inteiramente nova de drogas antitumorais”,
disse Beales em declaração divulgada pela Agência Estado.
“Isso
poderia ser de grande utilidade no desenvolvimento de novas terapias
combinadas, que utilizam várias drogas simultaneamente para tratar o câncer,
atacando diferentes partes da célula cancerosa ao mesmo tempo,” acrescenta o
cientista britânico.
De acordo com o co-idealizador João Ruggiero Neto, do Departamento
de Física da Unesp em São José do Rio Preto (SP), a descoberta é crédito do
professor e pesquisador Mário Sérgio Palma, da Unesp de Rio Claro (SP).
“Os peptídeos de todos os venenos são geralmente citotóxicos
[tóxico às células], mas não o MP1, que tem uma poderosa atividade
bactericida”, complementa Ruggiero Neto sobre sua pesquisa. “Tanto a ação
bactericida quanto a antitumoral estão relacionadas à capacidade desse peptídeo
de induzir filtrações nas células ao abrir os poros ou fissuras em sua
membrana.”
Pelo fato de o MP1 ser catiônico (ou seja, tem
carga positiva) e tanto as bactérias quanto as membranas das células
cancerígenas terem lipídios aniônicos (carga negativa), a atração eletrostática
é o motivo dessa importante seletividade. O próximo passo dos cientistas,
financiados pelo Governo Federal e pela Comissão Europeia, é testar a toxina
presente no veneno das vespas com outros tipos de células e, posteriormente, em
animais.
Fonte:
https://br.noticias.yahoo.com/cura-para-o-c%C3%A2ncer-pode-estar-no-veneno-da-vespa-brasileira-144705842.html
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