terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CONSTATAÇÃO SOBRE O NATAL

CONSTATAÇÕES SOBRE O NATAL


Por José Landa Cardoso

Problema

O que fazer para que cristãos e judeus ortodoxos unam e comparem o Antigo com o Novo Testamento a fim de celebrar o verdadeiro período do nascimento de Cristo?

Objetivo

Buscar Chão Firme entre Fronteiras Extremas. Quando Nasceu Jesus?

1. Muitos dizem que Jesus não nasceu em dezembro, tendo em vista que o mês de dezembro, e mais particularmenteo dia 25 de dezembro é o solstício de inverno naquela região [é a noite mais longa e mais fria, chegando a nevar no Hemisfério Norte]. Logo, em 25 de dezembro não haveria pastores no campo [gelado] quando os anjos anunciaram o nascimento de Jesus (Lucas 2: 8-11).


2. Sim, Jesus não nasceu nesse período de inverno rigoroso, em dezembro.


3. Mas, então, em que período nasceu Jesus?

I. Racionalidade e Fé

Pode-se manter a FÉ! Sem a necessidade de negar a razão.

1. Existem cristãos conservadores, ligados aos dogmas e, por outro lado, há judeus reacionários, ortodoxos e intransigentes. Ambos se negam a reconhecer a Verdade (completa), permanecendo presos a distorções, dúvidas, erros e omissões na abordagem das Escrituras.


2. Esses cristãos conservadores e judeus ortodoxos são cegos e surdos.Tem olhos e não veem; tem ouvidos e não ouvem (Jr 5:21).

3. Há mais judeus que leem e estudam o Novo Testamento [e que aceitam Jesus como Salvador] do que se possa imaginar. Há, também, muitos cristãos que estudam o Antigo Testamento e interpretam os seus símbolos e profecias à luz do Plano de Redenção!

4. Provavelmente, os judeus que creem em Jesus já devem ter observado o período em que Jesus nasceu, comparando o Evangelho de Lucas 1:5,8,11,13,23,24,26 com o Primeiro Livro de Crônicas, capítulo 24, versos 1 a 18, especialmente o VERSO 10.

II. Proposta


Estudar o Primeiro Livro de Crônicas, no capítulo 24, verso 10 [Antigo Testamento] vinculando-o ao Evangelho de Lucas, capítulo 1, com o objetivo de verificar o período em que Cristo nasceu, isto é, entre setembro e outubro, provavelmente na Festa/Culto dos Tabernáculos.

III. Referências


1. A concepção de João Batista (turno de Abias: mes de junho): 6 meses antes de Cristo.

2. Período em que o sacerdote Zacarias, pai de João Batista, encontrava-se prestando serviço no Templo [turno de Abias, mês de junho]

3. A esposa do sacerdote Zacarias, e mãe de João Batista,engravidou nesse período (mês de junho, após o término do turno, não saindo de casa durante cinco meses.


4. No 6º mês após a concepção de João Batista, Maria concebeu após receber a notícia do Anjo Gabriel [durante o mês de dezembro].


5. Transcorridos 9 meses, ou 280 dias, Jesus nasceu entre os meses de setembro e outubro, provavelmente na Festa Espiritual que se celebra nesse período: A Festa dos Tabernáculos.


IV. Uma Nova Maneira de Olhar os Fatos

O Criador Instituiu 3 Festas Proféticas. Festas de Levítico 23.

1. A Festa/ Culto da Páscoa [14/15 de Nissan, entre março e abril]: Período em que Cristo se ofereceu, como Crodeiro em holocausto, para resgate da humanidade. O símbolo da Páscoa é o cordeiro [pascal].

2. A Festa/Culto de Pentecostes [50 dias após o dia seguinte à Páscoa, 15/16 de Nissan]: Período em que Cristo voltou na forma de Espírito Onipresente, realizando a grande efusão espiritual no planeta Terra.

3. A Festa/Culto dos Tabernáculos [setembro/outubro]: Período em que se celebra a alegria oriunda do Eterno, em Espírito. Tem a duração de cerca de 22 dias, sendo composta por um conjunto de 3 Festas Espirituais - Trombetas, Dia da Expiação/Perdão e Festa das Tendas ouTabernáculos.

4. A 3ª fase da Festa dos Tabernáculos, denominada Festa das Tendas ou Cabanas celebra a alegria antecipada da 2ª Vinda do Messias/Cristo.

5. A cidade natal de Cristo, na época de Seu nascimento, não estava cheia de pessoas senão por celebrar uma das Festas Solenes do Criador, a Festa das Cabanas [cujo termo hebraico é Sucot e que se caracteriza pela construção de cabanas com ramos à semelhança bucólica de uma estrebaria com manjedoura].

6. Sobre Cristo, A Palavra Criadora, foi revelado que a "Palavra, o Verbo se fez homem [carne] e habitou entre nós". A palavra "habitou" ou "viveu", oriunda do termo grego SKENÉ, significa "fazer TENDA" ou "Tabernáculo", "TABERNACULAR". Logo, poderemos dizer que "Cristo, o Verbo/Palavra Criadora, TABERNACULOU entre nós" (João 1:14).

V. Abrindo a Porta da Percepção


Texto: Lucas, capítulo 1

João Batista Foi Concebido 6 Meses Antes de Jesus. Início do estudo.

1. No tempo em que Herodes reinava em Judá, viveu um sacerdote chamado Zacarias [que veio a ser o pai de João]. Ele pertencia ao turno de ABIAS no serviço do Templo [mai/jun]. Ele e sua esposa Isabel não tinham filhos (versos 5 a 7).


2. O turno de serviço no Templo correspondente a ABIAS, era ministrado no mês de SIVAN (maio/junho). Eram 24 sacerdotes sorteados e Zacarias havia sido contemplado na 1ª escala de Abias [começando no 1º Sábado do mês de junho e iria até a sexta-feira seguinte, inclusive]. Ele permaneceria no Templo durante esse período (versos 8 a 10).


3. A Escritura Sagrada diz que Zacarias voltou para casa tão logo terminou o seu turno de serviço, e sua mulher engravidou [mês de junho] e durante 5 meses não saiu de casa (versos 13, 15,18,19, 23,24).

4. No sexto mês, ou seja, passados 6 meses depois da concepção de João Batista, o Eterno enviou Seu Anjo a Maria avisando-a que ela conceberia, estava grávida, e teria um menino , que seria chamado Filho do Altíssimo, pois o Eterno, em Espírito Onipresente, viria sobre ela e a cobriria como uma sombra (versos 26 a 36).

5. Alguns dias mais tarde, Maria foi, apressadamente, ver Isabel. Quando Maria saudou a prima Isabel, o menino de Isabel saltou em seu ventre, e Isabel ficou cheia , isto é, preenchida pelo Eterno Ser Excelso, na forma do Espírito Santo (versos 39 a 41).

VI. Ponto de Partida Para o Nosso Estudo


Texto: Lucas, capítulo 1

Concepção de Jesus. De acordo com o texto sagrado.

1. Maria concebeu no 6º mês da gravidez de sua prima Isabel (versos 26 e 27).

2. Na posse de um calendário judaico, a partir da CONCEPÇÃO de João Batista [no mês de Sivan, MAIO/JUNHO] chegamos à CONCEPÇÃO [não ao nascimento] do Divino Filho, no final do mês de Kislev, ou seja, entre final de novembro e dezembro.

3. É interessante observar que Cristo foi CONCEBIDO [e não nascido] no Inverno, na Festa das Luzes, no mês de dezembro. Isso foi quase soterrado pela meia-verdade! Seria coincidência? Cristo, a LUZ do Mundo, foi concebido na Festa das Luzes.

VII. Nascimento de João e de Jesus


Natal/Nascimento. A fé não elimina a razão.


1. Nascimento de João Batista, o Imersor: Contando 9 meses [apoximadamente 280 dias], a partir do 3º Sábado de Sivan [maio/junho], chegamos ao nascimento de João Batista, que nasce no mês de Nissan [entre março/abril], durante os festejos da Páscoa.


2. Cristo revelou que João Batista era um Profeta semelhante ao Elias esperado, e nasceu no período em que todos esperavam, na Festa/Culto da Páscoa.


3. Jesus foi CONCEBIDO 6 meses depois de João Batista. A data do nascimento de João pode ser estabelecida em torno de meados do mês de Nissan (março/abril).


4. Nascimento de Jesus: Acrescentando-se 6 meses ao nascimento de João Batista, entre março/abril, chegamos ao NASCIMENTO de Jesus, no mês de Tishri (setembro/outubro). Por outro lado, contando-se 9 meses a partir da CONCEPÇÃO de Jesus (dezembro), chegaremos ao mesmo período: nascimento de Jesus no mês de Tishri.

VIII. Nascimento de Jesus em Tishri


O Que Tem o Mês de Tishri? O que há de importante em Tishri?

1. No mês de Tshri (setembro/outubro), a estação da Primavera no Brasil e Outono no Hemisfério Norte, temos a Festa dos Tabernáculos, na qual constam a Festa das Cabanas e o Dia do Perdão (Purificação do Santuário).

2. Tudo leva a crer que Cristo, que veio trazer PERDÃO e remoção das culpas, falhas e pecados, tenha NASCIDO nesse período (Festa das Cabanas/Dia do Perdão)!

3. É comum dizer-se que o Messias nasceu em uma manjedoura [estábulo] porque o casal sagrado não encontrou lugar para se hospedarem, devido ao CENSO - que duraria o ano TODO.

4. Certamente não foi devido ao censo, que os pais de Jesus não encontraram lugar, mas, sim, porque nesse período do ano, mês de Thishri (set/out), ocorria uma das das Festas/Cultos em que o povo de todas as regiões se dirigiam a Jerusalém, e TODAS as demais cidades PRÓXIMAS ficavam abarrotadas de pessoas. Belém é próxima a Jerusalém.

5. No mês de Tishri (set/out), dentro das celebrações da Festa/Culto dos Tabernáculos, há a construção artesanal de CABANAS (Sucot), com telhados de ramos, mantendo um ar bucólico, semelhante a abrigos para animais.

6. No mês de dezembro, no Hemisfério Norte, chega a nevar, com inverno rigoroso, e jamais se poderia pressupor que haveria pastores no campo com suas ovelhas, recebendo o anúncio de que o Salvador havia nascido (Lucas 2: 8 a 11).

7. Era comum entre os hebreus, aproveitarem o OUTONO no Hemisfério Norte (set/out), para aí, sim, engordarem seus rebanhos no campo. Todavia quando chegasse o Inverno (nov/DEZEMBRO) as ovelhas eram recolhidas ao aprisco.

IX. Verdade Central

O Eterno criador quer nos ensinar, através das Escrituras sagradas, que Jesus não nasceu no período de inverno rigoroso, em dezembro.

Passados 6 meses depois da concepção de João Batista (maio/junho), Maria foi avisada que estava grávida, e teria um menino, que seria chamado Filho do Altíssimo (Lucas 1:26-36).


Passados alguns dias (maio/junho) Maria foi visitar a prima Isabel. Quando Maria saudou a prima Isabel, o menino de Isabel saltou em seu ventre, e Isabel ficou cheia/preenchida pelo Eterno Ser Excelso, em Espírito (versos 39 a 41). Maria já estava grávida.

A CONCEPÇÃO [não o nascimento] do Divino Filho, ocorreu no final do mês de Kislev, ou seja, entre final de novembro e dezembro.


Contando-se 9 meses a partir da CONCEPÇÃO de Jesus (dezembro), chegaremos ao nascimento do Messias: mês de Tishri (setembro/outubro), provavelmente na Festa dos Tabernáculos, Festa das Cabanas e Dia do Perdão!


X. Aplicação da Mensagem

Podemos Celebrar o Nascimento de Cristo? Qual o período?

1. Celebremos, sim, o Natal (nascimento de Cristo), durante a Festa/Culto dos Tabernáculos que em 2010 ocorreu, no Brasil, entre 09 e 30 de setembro (durante a nossa Primavera e Outono no Hemisfério Norte).

2. No ano de 2011 poderemos celebrar a Festa dos Tabernáculos entre 29 de setembro e 20 de outubro:


Festa das Trombetas - Ano Novo: 29 de setembro de 2011 (quinta-feira).


Dia do Perdão - 08 de outubro de 2011 (Sábado).


Festa das Cabanas - 13 de outubro de 2011 (quinta-feira) a 20 de outubro de 2011(quinta-feira).

"Um Menino nos nasceu; um Filho nos foi dado".


Meditemos nisso! Landa Cardoso (José)


Em Tempo:


Esse texto não é doutrina de igreja, mas, sim, faz parte de reflexão e comprova que ao expor a nossa fé não necessitamos negar a razão e o raciocínio que o Criador nos concedeu!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

EM HONRA DE MARIA A MÃE DE JESUS

Estamos nos aproximando do dia 12 de outubro, uma das datas que o catolicismo destina à celebração de honras a Maria, mãe de Jesus. Como evangélicos, somos acusados de não respeitar Maria. Contudo, nós a respeitamos. Apenas não a colocamos no altar que pertence apenas ao Senhor Jesus Cristo. Para homenageá-la nesta data tão importante para nossos irmãos e irmãs católicos, trazemos o texto abaixo, de autoria de judeus messiânicos, que expressam de forma clara e meridiana nossa apreciação por Maria e pelo exemplo de humildade e de obediência que ela nos legou. Boa leitura a todos!


PORQUE MARIA FOI QUALIFICADA PARA O CHAMADO?
Mateus 1:18 a 25

Por Emily Assunção

Gostaria de começar este escrito fazendo uma pergunta a você: Se Yahweh te chamasse hoje para uma grande obra,qual seria a sua reação?

Encontramos aqui um personagem bíblico, uma mulher chamada Maria. Como todo ser humano, ela viveu buscando seus sonhos e objetivos, visualizando para si um futuro, a realização da sua vida e, com certeza, sempre crendo que o Senhor estava no controle da sua vida. Era dessa forma que esta jovem se encontrava ali, naquele dia. Sonhava os sonhos de uma adolescente, gerando dentro de si a realização de cada um deles.

Talvez seus pensamentos estivessem em meio a devaneios no instante que o anjo Gabriel a interrompeu dizendo: eis que eu vos trago boas novas, de ti nascerá o Salvador do mundo!

Então a menina Maria com um gesto de aceitação inclina-se ao chamado de Yahweh, nos ensinando com sua vida os princípios para uma vida vitoriosa e próspera.

Gostaria de classificar algumas características que Maria tinha e que como ela devemos também ter.


1 - ELA ERA VIRGEM

Quem era considerado virgem? Aqui está se tratando da virgindade física, nos fazendo entender que seria aquela que não conheceu homem intimamente, que não foi tocada. Maria possuía a postura de uma jovem adolescente, que conservava para si os costumes de seu povo e no temor do Eterno.

Trazendo este conceito para o mundo espiritual, podemos classificar como virgem aqueles que não experimentam o mundo, que não se deixam ser tocados pelos atos carnais.

Isso nos ensina que para sermos vitoriosos e prósperos em nosso chamado, precisamos ser puros de coração. Somente um coração limpo, pode carregar Yeshua. A Ruach HaKodesch (Espírito Santo) não habita em lugar sujo e contaminado. De uma mesma boca não pode sair benção e maldição. Como falar de Yeshua e ao mesmo tempo viver em pecado? Como testemunhar da salvação, porém agir como se não fosse salvo? Podemos falar do amor de Yahweh e ao mesmo tempo mentir, dizer lashon hará (falar mal), rogar praga, não perdoar?

Portanto, o primeiro passo para gerar Yeshua, para ser escolhido para uma grande obra, é ser limpo de coração, não ser tocado pelo pecado, pelo mundo. Somente os limpos de coração, verão a Elohim. Maria carregou Yeshua no ventre, e nós podemos carregá-Lo no coração, tudo depende do que está dentro de nós. O Senhor é santo, e somente santos podem carregá-Lo dentro de si.


2 - MARIA ERA COMPROMETIDA COM UM HOMEM DA CASA DE DAVI

Maria estava noiva de Yosef (José). Yosef pertencia à geração da tribo de Yehudá. Ela vivia na esperança do Salvador de Israel, o Melech Ha’olan, e ela conhecia as suas promessas de que, uma virgem conceberia e daria à luz o Messias de Israel. Maria sabia das promessas do Eterno para com seu povo. Ela aguardava a salvação do Messias que viria.

Também podemos ver que Maria tinha uma aliança com Yahweh. Esta aliança era testemunha de uma vida de fidelidade. Maria era uma com Israel; ela não se contaminara como fez Esaú, casando-se com as mulheres hetéias. Maria permaneceu fiel na sua fé judaica, noiva, sim, de um descendente da tribo de Yehudá (Judá).

O Senhor faz gerar os seus sonhos dentro dos corações daqueles que são fiéis a Sua Aliança. No entanto, o que mais temos visto, são pessoas que se dizem crentes, contaminando-se com as hetéias do mundanismo, paganismo e com o pecado.

Maria não era alheia à Palavra do Todo-Poderoso. Ela tinha conhecimento das promessas e do futuro que viria através do Salvador que nasceria. Quando ela questionou ao anjo, como se sucederia o nascimento, posto que ela ainda não havia se deitado com Yosef (José), não era questão de medo, ou dúvida, mas questão de conhecimento. Maria sabia quem ela era em Yahweh, ela estava segura da sua posição diante dele, mas sabia da sua dependência dEle também. Maria tinha convicção da sua fé e do que esta fé gerava dentro dela; assim, ela se volta para o anjo, não com uma dúvida, mas com uma pergunta de determinação: Como isso se sucederá? Como devo proceder?

Quem dera o Senhor encontrasse sempre as Marias neste mundo. Homens e mulheres que compreendessem a obra do Pai nesta terra. Precisamos ter Aliança com o Senhor, Aliança é pacto de fidelidade, é laço que, mesmo sendo desfeito, permanece inteiro, e não deixa nó. É necessário conhecermos a Palavra do Amado, suas promessas, assim testemunhando cada instante. Maria gerou a vinda do Messias, e nós devemos gerar a volta deste Messias, mas será que estamos prontos neste momento?


3 - ELA FOI AGRACIADA

O que é ser agraciada? É encontrar favor. Maria encontrou o favor de YHWH, e isso nos ensina algo muito interessante: precisamos ter crédito com YHWH! Você pode até dizer: mas, YHWH ama a todos, morreu por todos. Entretanto, nem todos creram ou o receberam; porém, aos que creram, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Elohim, e isso nos torna especiais. O que significa isso? Bem, quando nós temos crédito com alguém, essa pessoa sente o desejo de nos dar algo em troca. Quando o Senhor olhou para Maria, Ele viu nela uma mulher que dedicara toda sua vida à Aliança que ela tinha com o seu YHWH. Ele olhou para Maria e disse: Você tem entregado sua vida ao meu serviço, e agora eu vou te pagar com o que tenho de melhor, meu filho! Vou te dar o meu filho para você cuidar dele para mim. Através dele você vai receber o seu galardão, e este será o preço pelo seu trabalho, tu serás conhecida por toda a humanidade. De menina, passou a mãe do Filho de Elohim. Maria se tornou conhecida em todo o Mundo. A sua historia é contada de geração a geração. Não estou aqui dizendo que Maria é digna de adoração, mas, ela foi e será honrada por sua força e coragem e sei que, como muitos dos que foram chamados, ela é contada pelos seus feitos. A Bíblia está repleta de homens e mulheres que são os heróis de YHWH. Seus nomes estão contados nas entrelinhas das páginas de uma história real e verdadeira, a Vida do Messias Yeshua, seu filho.

Ezequias estava para morrer, e ele clamou ao Senhor e o Senhor deu a Ezequias mais quinze anos de vida. Este homem tinha crédito com YHWH, assim, alcançou o favor do Senhor através de uma vida de obediência.

Tal qual Maria, devemos ser encontrados. Uma vida agradável ao Eterno. Temos que ser a alegria do Senhor, pois a alegria que lhe proporcionamos através dos nossos atos será a nossa força para cumprirmos o seu chamado.

4 - O SENHOR ERA COM ELA

Como tem sido a sua vida com YHWH? Qual a resposta Dele em relação a você? Esta é uma pergunta que devemos fazer para nós mesmos o tempo todo.

O motivo do qual levava o Senhor a ser um com Maria, se baseava na sua intimidade com Ele. Certamente, Maria tinha comunhão constante, em uma busca de oração, palavra, jejuns.

Não há como nos relacionarmos com alguém sem falar com esta pessoa. Às vezes passamos o dia todo preocupados com nossos afazeres e, no final do dia, já cansados, balbuciamos algumas palavras sem mesmo prestar atenção no que falamos. Deixamos o resto do nosso dia para o Senhor e, assim, desejamos ter um relacionamento íntimo com ele.

Muitas pessoas dizem conhecer YHWH, porém o conhecimento sem relacionamento não passa de uma convivência muito superficial. Conhecer o Eterno é entender Seu coração, e quando buscamos entender seu coração nos tornamos submissos a sua Tora, agindo de forma que Lhe agrade.

Conhecer é falar a mesma língua, é sentir os mesmos sentimentos, é andar juntos. É saber quem sou em YHWH. Você já se perguntou, quem é você para YHWH? Quando descobrimos o valor que temos aos olhos do Pai, entendemos que não somos qualquer coisa, somos filhos do único Elohim. Filhos e Herdeiros da promessa.

Muitas pessoas vivem uma vida de derrota, porque não conhecem o Elohim que servem. A Bíblia diz que precisamos ter conhecimento de Elohim. Ele é amor, misericórdia, é paz. Podemos experimentar do Senhor, pois sabemos quem Ele é, assim, nunca estaremos sozinhos.

Conhecer o YHWH a quem servimos resultará em nós a realização dos planos que Ele tem para nós.


5 - DISPOSIÇÃO PARA O CHAMADO

O que mais temos visto nestes dias são pessoas murmurando, questionando a maneira como YHWH move todas as coisas. Aqui está a nossa personagem da história, Maria. Não encontramos em toda a trajetória de Maria um espírito de murmuração. Maria não questionara ao anjo, quanto a sua escolha. Ela não disse que ia ser muito difícil, o que iriam dizer dela? Não, Maria se curvou em posição de submissão. Ela dizia para si mesma: O Senhor dá as ordens e eu obedeço.

O nosso maior problema está em sujeitarmos a nossa vontade à vontade Dele. Precisamos entender que tudo o que fazemos é para o Senhor. Maria foi chamada para gerar Yeshua no ventre, para cuidar Dele até alcançar a maturidade. Tudo o que Ele aprendeu como homem foi através dela. Maria preparou Yeshua para cumprir o chamado do Pai. Ela sabia que, no seu ventre, carregava o Filho de Elohim. Maria sabia que Yeshua não era dela, ela teria que devolvê-Lo ao Pai.

Uma das maiores características que o Senhor busca encontrar em nós para este chamado é a de sermos servos em obediência. Muitos servem ao Eterno por medo. YHWH não é Senhor como muitos senhores; Ele é Senhor por excelência. O seu mandamento não é por força, nem por violência, mas pelo Seu Espírito.

Fazer a vontade de YHWH é se posicionar como servo. Para isso precisamos conhecer a sua vontade. Foi o que Maria fez. Ela disse ao anjo: Mas, como se sucederá isso, pois ainda não conheço o varão?... Que sabedoria de espírito! Maria sabia que para gerar um filho, ela deveria ter relacionamento intimo com José, porém, eles ainda não se conheciam intimamente. Então o anjo lhe explica como seria a concepção. A Ruach, o Espírito Santo a envolverá!

Quando nos sujeitamos em obedecer e em conhecer a vontade de YHWH, Ele nos envolve de tal maneira que passamos a gerar em nós os seus sonhos. Ele direciona os seus planos e nós executamos, e quando agimos assim, Ele faz prosperar os nossos caminhos, nos abençoando e nos dando livramentos.

O serviço de Maria se baseava na sua obediência ao chamado do Senhor. Ela recebeu a Graça, assim, gerando o Filho de YHWH em seu ventre. Hoje o mesmo YHWH nos chama para gerá-Lo em nosso coração, mas muitos ainda desobedecem a esse chamado, perdendo no entanto, a grande oportunidade de experimentar um relacionamento de íntimo amor.


6 -MARIA TINHA FÉ

É impossível agradar a YHWH sem fé. A fé é o trampolim para nos aproximarmos de Dele. A fé acaba com as impossibilidades da nossa vida, podendo nos levar para mais próximo do Pai.

Maria creu no seu chamado. Se ela não tivesse acreditado, nada aconteceria. Por isso é preciso acreditar nas promessas do Senhor, e o sintoma da fé está em nós agirmos mesmo que tudo pareça adverso, mas sempre cumprindo os Seus mandamentos, Sua Torá.

Certamente que Maria sabia o que iria enfrentar diante da sociedade da época, diante de seu noivo José. No entanto, sua resposta foi sim para YHWH. Ela não olhou as circunstancias. A fé gera em nós temor e não medo. A fé de Maria levou seu coração a temer a vontade do Aba, PAI, e este temor exige de nós perseverança. Ser persistente faz com que a nossa fé traga à existência o que é desconhecido. Quando cremos no Senhor, tomamos atitudes certas, mesmo que isso seja difícil.

Quem tem fé age pela fé, e a forma maior de demonstrarmos nossa fé é através de uma vida de oração e espera.

Maria, aguardou em oração nove meses de esperança. A cada mês que passava, ela via que de dentro dela vinha surgindo o sonho do Eterno. O início foi difícil: enjôos, tonturas, e os dias iam passando... de repente o feto já começava a mexer. Era o sinal da vida. Ela podia sentir que o sonho já se tornava realidade. Ela podia ver o mover das mãos do Eterno, trabalhando, trazendo à existência o que era desconhecido ao toque de suas mãos. Até que chegou o dia de dar à luz o sonho de YHWH.

Quando damos a luz ao sonho de YHWH, este sonho começa a andar junto de nós. Maria agora tinha o seu sonho nas mãos, porém, ela sabia que este sonho não era dela. Ela deveria, no tempo certo devolvê-lo para o Pai. Assim, também, acontece conosco. YHWH coloca seus sonhos dentro de nós através da Ruach, Seu Espírito; então passamos a conhecê-Lo mais de perto. A cada dia que passa, vamos vendo o sonho sendo gerado em nós. Sentimos dores, dificuldades, somos criticados, mas o sonho continua crescendo... crescendo... até que ele dá à luz. Que maravilha é ver os sonhos realizados! Mas, o sonho não é nosso, é do Amado YHWH, e assim como Maria chegará a hora de devolvê-lo para o Pai. Todavia, ele não nos deixa de mãos vazias. Sempre haverá uma recompensa para aqueles que acreditam nas promessas do Senhor. Ele enviará o consolo, a Ruach, seu Santo Espírito para nos encher, fazendo renascer em nós os sonhos que vêm Dele. Tenha fé, pois a fé é a estrada que nos levará de volta ao nosso sonho maior: a Casa do Pai.


7 - MARIA TINHA HUMILDADE

Quando se fala em humildade, pensamos logo em uma vida de miséria, pobreza, etc.

Porém, humildade significa: virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza.

Maria demonstrou esta atitude diante do anjo que a saudara. Em Lucas 1:47 e 48, ela diz: Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em YHWH, meu Salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante todas as gerações me chamarão de bem-aventurada.

YHWH viu em Maria total dependência dEle. Ela sabia de si mesma que não era nada. A única coisa que ela possuía era a certeza da existência de um Elohim de promessas. Ela sabia, também, da sua fragilidade como ser humano, cheia de pecados, mas que estava sempre disposta a ouvir a voz do Pai.

Maria não se exaltou diante do anjo, dizendo: É, o Senhor fez a escolha certa!... Realmente eu tenho tudo o que Ele precisa para gerar Seu Filho. Sou judia, sou virgem, sei que a profecia está para se cumprir, assim, sou eu mesmo, a pessoa indicada. Não! Maria disse: Hineni! Eis-me aqui, cumpra-se em mim segundo a Sua vontade.

Isso fala de consagração total. Maria sabia que ela não era deste mundo. Dentro dela havia um grito pelo Messias que viria. Maria não se assustou, por ter sido escolhida, porque ela trazia dentro de si todas estas convicções e esperanças da Sua vinda. Maria crescera preparada para o chamado do Senhor, não porque ela soubesse que seria ela, mas porque creu na promessa. Quando o Senhor olhou para Maria, Ele encontrou nela as qualificações para gerar Yeshua.

Hoje o mesmo YHWH está à procura daqueles que estão dispostos a gerar Yeshua; daqueles que acreditam na promessa da Sua volta. Mas, para isso, precisamos ter o coração de Maria, viver como Maria e buscar as promessas como Maria. Onde o Senhor encontrará estas pessoas? Quando o Seu povo se mistura com o mundo, contaminado com o pecado, no meio da idolatria e da fé mistificada? Precisamos buscar a verdade e nos posicionarmos diante das promessas do Senhor. YHWH não está à procura de gente cheia de conhecimento, mas de crentes experientes na fé. Seja você este gerador da vida de YHWH, e que o mundo possa ver os feitos do Senhor em sua vida, e assim, eles irão dizer: Bem-aventurado(a) servo(a) do Senhor!

Baruch Hashem!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O DIA DAS TROMBETAS

A Cidade, os Sacerdotes e o Shofar
Uma Reflexão de Yom Teruá

Por Sha’ul Bentsion


I - Introdução

“E sucedeu que, tocando os cohanim (sacerdotes) pela sétima vez as shofarot (trombetas), disse Yahushua (Josué) ao povo: Gritai, porque YHWH vos tem dado a cidade. ” (Yahushua/Josué 6:16)

Creio que todos conheçam excepcionalmente bem a história da tomada da cidade de Yericho (Jericó). Para aqueles que não a conhecem ainda, peço que parem a leitura deste material por um breve momento e leiam o texto de Yahushua (Josué) capítulo 6.

A narrativa da destruição de Yericho (Jericó) serve como memorial profético da destruição do reino das trevas, representado por sua cidade, a grande Bavel (Babilônia).

Assim como Yericho, Bavel será totalmente destruída. Assim como Yericho, Bavel parece intransponível para os filhos de Israel. Muitos de nós nos encontramos como os filhos de Israel ao comando de Yahushua (Josué), completamente atemorizados em nosso pequenino número, diante da magnífica imponência de Yericho (ou, no nosso caso, Bavel.)

Assim como Yericho, Bavel contém nela uma meretriz, a Casa de Israel (o Reino do Norte):

“Não te alegres, ó Israel, não exultes, como os povos; porque ao prostituir-te abandonaste o teu Elohim; amaste a paga de meretriz sobre todas as eiras de trigo.” (Hoshea/Oséias 9:1)

Assim como aconteceu com Rahav (Raabe), que se arrependeu ao tomar contato com a Torá através dos emissários de Yahushua (Josué), assim também a Casa de Israel tomará contato com a Torá através dos emissários de Yeshua, e se arrependerá de seus pecados.

Mas quanto ao povo que já estava com Yahushua (Josué), este se perguntava como seria possível vencer aquele desafio, mas YHWH nos mostrou que a vitória veio por intermédio dEle. Da mesma forma hoje os seguidores de Yeshua se perguntam se estão prontos para tamanho desafio.

II – Yericho nos Dias de Hoje

Ora, se há paralelos importantíssimos entre Yericho e Bavel, então certamente que se analisarmos os elementos que nos levaram à vitória contra Yericho, poderemos encontrar importantes elementos que nos auxiliem em nossa vitória contra Bavel. Algumas coisas foram fundamentais para que a vitória ocorresse:

1) O povo circundou a cidade por sete vezes.

2) Os cohanim soaram o shofar.

3) O povo bradou, e os muros ruíram.

Não é difícil perceber que há um paralelo importante com o tema de Yom Teruá, visto que Yom Teruá é o Dia do Brado – numa referência que pode ser tanto para o brado do povo quanto para o soar do shofar.

Yom Teruá nos faz recordar, como memorial futuro, do dia do último soar da trombeta:

“Porque Aquele que é o Nosso Adon pelo mandamento e pela voz do arcanjo e pela trombeta de Elohim descerá dos céus e os que morreram estando no Mashiach se levantarão primeiro.” (Tessalonissayah Alef/1 Tessalonissences 4:16, do aramaico)

Ora, analisemos então os eventos de Yericho para procurarmos entender o que pode nos ensinar a respeito dos últimos dias:

III - O Circundar a Cidade

Há dois elementos-chave na questão do circundar a cidade. O primeiro deles está no fato de que o povo rodeou a cidade por 7 vezes.

O número 7 na Bíblia representa um período completo. O relato da criação em Bereshit (Gênesis) 1 é composto, por exemplo, de 7 dias. Os períodos de Dani’el são medidos em semanas de 7 anos, e assim por diante.

Repare que até os últimos passos da última volta, o povo não tinha nenhum sinal físico de que viria a vitória. Talvez algumas pessoas já estivessem desistindo de caminhar, outras já estivessem se perguntando se Elohim as abandonara. Mas, até que a última volta se concluísse, nada ocorreu.

É preciso entendermos que Bavel só ruirá nos acontecimentos finais que se situam em torno da volta de Yeshua HaMashiach. Nem antes, nem depois. Se não sabemos nem o dia, nem a hora em que Yeshua retornará, também não podemos saber em que momento Bavel ruirá.

Há pessoas que anseiam por ver Bavel começar a ruir, demonstrar rachaduras em suas muralhas, e dar sinais de decadência. Contudo, não é assim:

“E os reis da terra, que se prostituíram com ela, e viveram em delícias, a chorarão, e sobre ela prantearão, quando virem a fumaça do seu incêndio; Estando de longe pelo temor do seu tormento, dizendo: Ai! ai daquela grande Bavel, aquela forte cidade! pois numa hora veio o seu juízo.” (Guilyana/Apocalips e 18:9-10)

Yeshua não nos diz por acaso que aquele que perseverar até o fim será salvo. Pois Bavel, assim como Yericho, se mostrará imponente e forte até a última hora que antecede sua destruição. Temos que ter ciência disso, e fé nEle, para não desanimarmos antes da última volta.

O outro elemento-chave da questão do circundar a cidade está no fato de que o povo se aproximou, mas não adentrou Yericho. É uma linha bastante tênue, pois o povo ficou exatamente no perímetro da cidade. A voz do povo pôde ser ouvida dentro da cidade. O povo pôde enviar resgate a Rahav, mas não adentrou efetivamente Bavel.

Hoje em dia, ainda há quem deseje cair nos dois extremos: Alguns não desejam sair de Bavel, acreditando poder salvá-la. A Bíblia é clara quanto a isso:

“Saí do meio dela, ó povo meu, e livrai cada um a sua alma do ardor da ira de YHWH.” (Yirmiyahu/Jeremias 51:45)

Porém, o povo teve que se posicionar de modo a que o shofar pudesse ser ouvido dentro de Yericho. Da mesma forma, muitos de nós temos caído no gravíssimo erro de colocarmos o shofar nos ombros, e debandarmos em retirada, sendo responsáveis por deixar em Bavel aqueles que ainda não ouviram o shofar.

Refiro-me aqui ao isolacionismo, ao orgulho espiritual, e à falta de compaixão por aqueles que ainda estão presos pelo sistema de Bavel. É preciso que não deixemos de nos lembrar da lição de Yonah:

“E veio a palavra de YHWH a Yonah Ben Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença. Porém, Yonah se levantou para fugir da presença de YHWH para Tarshish.” (Yonah/Jonas 1:1-3)

Existem, hoje, muitos Yonahs em nosso meio, no sentido de que não entendemos que YHWH quer exercer misericórdia para com Rahav (Raabe), isto é, para com a Casa de Israel que ainda se encontra presa em meio a Bavel. Alguns entendem na prática, mas na teoria agem de forma oposta.

Muitos de nós, por termos visto as abominações de Bavel, achamos que são os que estão em Bavel dignos do castigo que lhes incorrerá. Assim como Yonah, ao final do seu livro, se ira contra YHWH por tê-los perdoado. Outros de nós achamos que se as pessoas já ouviram a Palavra da Torá, então seu sangue está sobre suas cabeças. Mas, na realidade, sete voltas são dadas ao entorno de Yericho, e durante essas sete voltas, o shofar soará por diversas vezes. O shofar não pode cansar, nem pode cessar.

Por um lado, não podemos entrar em Bavel. Isto é, não devemos partilhar de seus pecados sob o pretexto de atacarmos por dentro. Por outro, isso não significa que devemos fugir e ficar à distância aguardando isolados. YHWH prometeu enviar pescadores e caçadores para resgatar a Casa de Israel:

“Eis que mandarei muitos pescadores, diz YHWH, os quais os pescarão; e depois enviarei muitos caçadores, os quais os caçarão de sobre todo o monte, e de sobre todo o outeiro, e até das fendas das rochas.” (Yirmiyahu/Jeremias 16:16)

Como poderemos nos dizer servos dEle e ignorarmos a missão que Ele tem para nós? É hora do nosso shofar ecoar pelos confins da terra, e o seu som se fará ouvir dentro dos portões infernais de Bavel, para resgate do nosso povo.

IV - Os Cohanim (Sacerdotes)

"O papel dos sacerdotes é ensinar a Torá e servir no Templo Sagrado em Jerusalém, conforme as Escrituras afirmam: 'Eles ensinaram Tuas Leis à semente de Ya'akov, e a Tua Torá a Israel. [Dt. 33:10]" Prof. Nahum Rakover

Não existe melhor definição para os cohanim (sacerdotes). Um cohen tinha essencialmente duas funções: representar o povo perante YHWH e ensinar a Sua Torá a Israel. Lembremos o que nos diz Kefa (Pedro):

“Vós, porém, sois a geração escolhida para o sacerdócio do Reino, povo santo ajuntado e resgatado para anunciar a majestade dAquele que vos chamou das trevas para a luz abundante.” (Kefa Alef/1 Pedro 2:9)

Yeshua não retornará sem que antes seus cohanim (sacerdotes) vão adiante dEle, cumprindo sua missão e soando o shofar. Infelizmente, praticamente não temos pessoas no nosso meio que se disponham a cumprir a profecia supracitada. Por que digo isso? Analisemos aqui os requisitos de um cohen (sacerdote):

a. Ensinar a Torá ao povo: O povo era leigo, inculto, recém saído da escravidão do Egito, idólatra, sem qualquer apego à Palavra. Mesmo assim, YHWH levantou pessoas instruídas e dotadas de longanimidade para ensinar o povo. Um cohen (sacerdote) não se ira com a falta de conhecimento da Torá. Um cohen ensina de forma paciente e amorosa.

b. Um cohen (sacerdote) representava o povo perante YHWH, justamente no momento em que o povo falhava, tropeçava, e abandonava a Torá. O Cohen (sacerdote) clamava a Elohim que perdoasse os trôpegos, e que exercesse sua misericórdia. O cohen se permitia ser um vaso para o derramar da misericórdia de Elohim. Temos mesmo orado pelos trôpegos, pelos que ainda estão presos à anomia, pedindo misericórdia a Elohim pela Casa de Israel?

Há muitos intelectuais da Torá e juízes em nosso meio. Mas até quando YHWH esperará por cohanim (sacerdotes) ?

V - O Shofar e o Brado (o Alto Clamor)

O Shofar e o Brado são muito semelhantes, e não é à toa que aparecem juntos na temática de Yom Teruá. O shofar pode ser entendido da se-guinte forma:

"Há coisas que são importantes para nós, então falamos sobre elas. Há coisas que são tão importantes para nós que as palavras fluem em uma explosão de emoção, palavras ricas, expressivas e vibrantes. E há coisas que nos sacodem até o fundo. Coisas que não se importam com a permissão da mente para as palavras certas - pois a mente não as pode compreender; as palavras mais pungentes não poderiam contê-las. Coisas que só podem nos fazer explodir em um clamor, em um grito, e então em silêncio. Este é o som do shofar: O mais íntimo de nossas almas gritando: 'Pai! Pai!'" Rav. Tzvi Freeman

O shofar é como o gemido inexprimível (Rm. 8:28) da Ruach HaKodesh, clamando a YHWH pela Casa de Israel e pela Casa de Yehudá. Temos uma missão importante, que é conscientizar a Casa de Israel que ela precisa clamar por YHWH. Como podemos fazer isso? Ben Ish Chai (Rav. Yosef Chaim, rabino chefe sefaradi no fim do século XIX) narra uma parábola que talvez nos ajude a compreender o que devemos fazer:

“Havia, em um reino, um mestre na Torá que encontrou favor aos olhos do rei. De fato, ele era tão cheio de sabedoria e conselhos maravilhosos que o rei o nomeou como seu número dois. Sob a brilhante liderança do sábio, a nação se tornou o reino mais rico e poderoso da região. Ele era amado por todos os cidadãos do país.

Todavia, havia um alfaiate não-judeu que queimava de inveja do prestígio do rabino. Um dia, o rei e o sábio viajavam pelo mercado na carruagem real. Quando passaram pela janela do alfaiate, ele deixou sair uma canção rude que depreciava os judeus. O rei ficou furioso: "Como ousa esse homem insultar meu amado amigo!" O rei então se voltou para o rabino e disse: "Dê ordens para que a língua desse homem seja cortada de sua boca." Inexplicavelmente, ao invés de executar as ordens do rei, o sábio foi até a casa do alfaiate e lhe deu um presente de 2 mil denários.

Na semana seguinte o rei e o rabino passaram pela casa do alfaiate. A carruagem real se aproximou, e o alfaiate os cumprimentou com uma canção simpática - que exaltava os judeus e o rabino. O rei ficou perturbado: "Não te disse para ordenar que a língua dele fosse cortada?" "Sua majestade", disse o rabino ao rei, "Eu fiz conforme tu ordenaste. Eu removi sua língua antiga ruim e a substituí por uma nova que canta louvores e canções doces."

O rei riu com deleite da esperteza de seu ministro. "Mesmo assim", disse o rei, "Eu teria preferido que você tivesse executado minha ordem."

O rabino respondeu: "Eu agi em proteção à tua honra. Pois se tivesse ordenado que sua língua fosse cortada, o povo diria: "Tudo o que o alfaiate dizia sobre os judeus é verdade. O rei só o puniu para defender a honra do seu amigo." Contudo, agora que eu dei a ele um belo presente, ele exalta os judeus. Quando o povo ouvir as suas novas palavras perceberá que sua primeira canção era apenas difamação."

Yeshua nos ensinou a semearmos o bem, o amor ao próximo, e o temor a Elohim em obediência à Torá. Para despertar nas pessoas o desejo de clamarem por Elohim, é preciso antes substituir suas línguas. A única forma de fazermos isso é deixarmos que o bem que se manifestará através de nossos atos de amor e misericórdia contaminem o coração de todos os que ainda estão em Bavel.

Nossa língua, em sendo acusatória, agressiva, e se recusando a ser doce, amável, e dedicada a Elohim, jamais despertará em qualquer pessoa o desejo de tomar para si o nosso tesouro. De nada adianta, por exemplo, ganharmos um argumento teológico, por mais bem fundamentado que estejamos, se nossa língua for dura. Fazer isto é como arrancar a língua do alfaiate na parábola acima.

Todavia, devemos estar dispostos a compartilhar o nosso maior tesouro: a luz que brilha nAquele que aceita a Yeshua como seu Go’el (Redentor) e Adon (Senhor), e que, por isto, vive na Torá o mais profundo amor a Elohim. Temos que confiar mais na preciosidade da Torá do que na nossa capacidade argumentativa. Viva a Torá em seus atos e em suas palavras, e seu shofar será capaz de despertar o brado que a Casa de Israel precisa dar para que Elohim a livre das garras de Bavel.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A POESIA SEMITA NO NOVO TESTAMENTO

O Rabino Sha'ul (Paulo de Tarso) e a Sabedoria


Por Sha’ul Bentsion

I - Introdução

Uma das coisas mais belas, e das maiores evidências da origem semita do Novo Testamento, são as estruturas poéticas das quais se utilizaram os escritores bíblicos. Muitas vezes, tais estruturas dão um colorido especial a uma passagem (como nos Salmos, por exemplo) e isto é frequentemente perdido no texto grego.

II – O texto em questão

Um bom exemplo disto é Romanos 12:8, que discute os dons numa congregação. Encontramos as seguintes traduções, provenientes do grego:

a. "se é dar ânimo, que assim o faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria”. (NVI).

b. “ o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria”. (Almeida RA).

Contudo, a Peshitta aramaica traz: "Oyait d’ ambayana huo b’ buoyaeh oad’ yaheb ba’ p’ ashiota oad’ kaem b’ risha b’ achp’ iuota od’ amrachem b’ aptsichuota”.

O mais interessante é que este verso traz o uso de pares de palavras que se complementam semanticamente, uma após a outra:

Par #1 – d’ ambayana, b’ buoyaeh (ambos podem significar ‘conforto’, mas o primeiro pode significar ‘exortação’ );

Par #2 – oad’ yaheb, ba’ p’ ashiota (a primeira significa ‘dar’, a segunda ‘ba’ p’ ashiota’ literalmente ‘em simplicidade’, neste contexto associada à humildade);

Par #3 – b’ risha, b’ achp’ iuota (a primeira expressão também pode significar ‘início’ , mostrando o trocadilho com a segunda expressão, que significa ‘perseverança’ );

Par #4 - od’ amrachem, b’ aptsichuota (a primeira significa ‘misericórdia/amor’ e a segunda, satisfação, alegria).

Trata-se de uma belíssima poesia semita! Detalhe interessantíssimo: Temos aqui 4 pares. O número 4 no Judaísmo é associado à sabedoria/conhecimento (existem 4 níveis de interpretação das Escrituras, 4 evangelhos, 4 cantos em que amarramos os tsitsiyot, etc.). Ou seja, Rav. Sha’ul (Paulo) nos dá uma verdadeira aula do que é a verdadeira sabedoria no tocante à forma como devemos nos relacionar em nossas congregações. Isto cai como uma luva com o versículo seguinte, em que Rav. Sha’ul (Paulo) demonstra, ao dizer que o amor não deve ser fingido, que o que dará vida a tal sabedoria é o amor.

Aqui, Rav. Sha’ul (Paulo) usa cuidadosamente cada expressão, dando-lhe um complemento posterior. É assim que podemos entender Ruhomayah/Romanos 12:8. Veja como ficaria uma tradução de tal estrutura poética: “Aquele que exorta, que possa ser para o conforto; o que dá, que seja com humildade; o que lidera, que seja com perseverança; o que usa de misericórdia, que seja com alegria”. (BCHT – versão 2.2 beta).

III - Conclusão

Parafraseando este ensinamento de Rav. Sha’ ul (Paulo): Não basta exortar, tem que ser exortação para o conforto. Não basta dar, se for sem humildade de nada vale. Não basta iniciar um trabalho de liderança, é preciso levá-lo até o fim. E não basta ser misericordioso (provavelmente aqui entra a questão da pena), tem que se usar de misericórdia com alegria.

Pra quem prefere o grego, é apenas um belo versículo com pequenas recomendações. Pra quem procura entendê-lo em seu contexto semita, a partir dos textos semitas, é uma verdadeira aula sobre como agir com sabedoria na congregação!

Mais uma verdadeira pérola do aramaico! Graças ao Eterno pelo privilégio da Sua Palavra.

Obs.: O Rabino Sha'ul Bentsion é o mentor do Grupo Torah Viva e líder do Judaísmo do Caminho, que crê ser Jesus (Yeshua) o Messias de Israel.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A SERPENTE LEVANTADA NO DESERTO E A ADORAÇÃO DE IMAGENS

Por César B. Rien


Por que fazer imagens relacionadas com o culto devido a Deus? Será que podemos usar como desculpa o fato de o próprio Deus haver ordenado a Moisés que fabricasse a imagem de uma serpente e a levantasse para todos olharem para ela e serem curados?

Porém, há uma drástica diferença entre as imagens que os adoradores de imagens fazem e aquela que Moisés fez. Os adoradores de imagens não receberam ordem de Deus para fazer imagens. Moisés recebeu ordem para fazer a imagem de uma serpente e não de seres humanos. Se os cristãos adoradores de imagens fossem sinceros na intenção deles, então, deveriam fazer apenas imagem dessa serpente. Porquê? Porque essa foi a única imagem que Deus ordenou pessoalmente alguém fazer. Ninguém poderia fazer qualquer outro tipo de imagem, portanto.

No entanto, os Israelitas não continuaram a produzir essa imagem depois de cessado o ataque das serpentes ardentes. Isso significa, então, que Deus tinha um propósito específico para aquele momento específico. Nunca foi intenção de Deus que os israelitas continuassem a usar a imagem de uma serpente no sistema de adoração a Ele. Por isso, passado esse episódio, nunca mais foram produzidas imagens de serpentes entre o Povo de Deus. Deus mesmo encarregou-Se de orientar Seu Povo ao proibí-los de fazer imagens de qualquer tipo: "Não farás para ti imagens de escultura, não as adorarás nem lhes prestarás culto." Assim, a imagem da serpente no deserto não pode ser usada como desculpa para transgredir o 2º mandamento. Unicamente a Deus devemos adorar e prestar culto. Não podemos ser devotos de ninguém mais, a não ser de Jesus Cristo, porque Ele é Deus em forma humana. [*Para maior compreensão, no livro de II Reis no capitulo 18 e versículo 4, Ezequias, servo de Deus, seguidor fiel de suas leis e preceitos, quebra a serpente de bronze feita por Moises, pois o povo estava queimando incenso para a mesma, ou seja, idolatrando-a.]

Porém, ainda havia imagens relacionadas com o sistema do santuário terrestre. Esse é o caso dos querubins que formavam o Propiciatório sobre a Arca. É importante salientar que as imagens dos querubins sobre a Arca da Aliança nunca ficavam expostas ao público. O propiciatório ficava sobre a Arca e unicamente o Sumo Sacerdote tinha acesso a ela, uma vez por ano, e essas imagens nunca foram usadas para serem veneradas nem adoradas. Quando a Arca da Aliança precisava ser transportada, ela era completamente coberta com tecido para que o Povo de Deus nunca olhasse diretamente para a Arca. Assim, nem mesmo a Arca era um objeto que devesse ser venerado ou adorado. Ela apenas representava o Trono de Deus, que está no Céu. Durante a adoração a Deus, nossos pensamentos devem ser fixados na pessoa de Cristo e não na imagem dEle. Para fixarmos nossa atenção em Jesus Cristo, devemos conhecê-Lo através da leitura dos Evangelhos porque é nos Evangelhos que Ele se revela a nós, Seus filhos e adoradores. Nós somos devotos de Jesus Cristo, por isso não podemos ser devotos de São João, São Pedro, São Paulo, Santo Antônio, ou o que for. Respeitamos todos eles, porém não os usamos em nosso culto pessoal ou no culto comunitário.

O verdadeiro Jesus, o Jesus judeu que Se revela a nós através dos Evangelhos está insistindo com cada cristão para que seja um devoto exclusivamente de Cristo e de ninguém mais.

Devemos seguir o mandamento de Maria. Ela disse: "Fazei tudo o que Ele vos ordenar." E Jesus afirma: "Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim." Jesus foi nomeado pelo Pai para ser o Único Mediador da Nova Aliança. Deus investiu Jesus do Sumo Sacerdócio segundo a ordem sacerdotal de Melquisedeque (ler a Epístola aos Hebreus).

Devemos ser humildes como Maria, porque ela nunca reivindicou nada para si mesma, mas deu-nos a ordem para "fazer tudo o que Jesus nos ordenar". Também devemos ser humildes como João Batista, que não buscou nada para si mesmo, mas, disse: "Importa que Ele (Jesus) cresça e que eu diminua."

E o Apóstolo Paulo afirma: "Não há nenhum outro Nome dado entre os homens através do qual importa que sejamos salvos." Somos salvos unicamente pelo Senhor Jesus Cristo, mediante a confissão dos pecados diretamente a Ele em oração pessoal e secreta, com sincero arrependimento.

Deus não ordenou aos israelitas que fizessem a imagem da serpente com finalidade de adoração e nem de veneração.

A serpente era conhecida por eles como sendo a origem do engano e do pecado de Adão e Eva no Éden. Eles haviam pecado contra Deus, através da murmuração, da desconfiança e falta de fé, da infidelidade e da desobediência. Assim, então, olhar para a serpente levantada no deserto por Moisés equivalia a reconhecer o próprio pecado. Não olhar para a serpente, significava desprezar o mandamento de Deus que resultava em morte. Olhar para a serpente significava Salvação e vida.

Aqueles que olhavam para a serpente eram salvos porque ao olhar para a serpente eles estavam obedecendo uma ordem direta de Deus. Ao obedecerem e olharem para a serpente eles estavam reconhecendo o próprio pecado e o fato de obedecerem era uma confissão de que Deus estava certo e eles errados. Olhar para a serpente em obediência à ordem divina manifestava o desejo de perdão e de reconciliação com Deus e de segui-Lo e obedecer aos Seus Mandamentos.

Portanto, Deus não ordenou que a imagem da serpente fosse feita para veneração ou adoração, mas para prefigurar o ato da Redenção mediante a morte do Messias Jesus que foi levantado sobre a cruz. Assim, os que crêem em Cristo são conduzidos ao arrependimento pelo Espírito Santo, ao reconhecimento do seu pecado, à confissão e ao abandono do pecado, porque o salário do pecado é a morte eterna. Somente pela fé em Jesus Cristo é possível obter a Vida Eterna.

Jesus nunca orientou os Apóstolos para fazerem qualquer tipo de imagem, nem dEle mesmo nem de ninguém. Se Jesus não deu um mandamento para anular o Mandamento de Deus, então é porque para Jesus o Mandamento de Deus ainda está valendo para nós cristãos; esse é o 2º mandamento, que proíbe os seguidores de Jesus de fazerem imagens e adorá-las ou venerá-las. Jesus nunca ordenou que o cristão venerassem objetos e nem imagens. Quem deseja ter o direito de ser chamado de cristão verdadeiro deverá imitar Jesus e deverá amá-Lo, respeitá-Lo e deverá obedecer aos Seus Mandamentos. Jesus disse: "Se me amais, guardareis Meus Mandamentos, assim como Eu obedeço aos Mandamentos de Meu Pai." E ainda: "Jeitosamente rejeitais aos Mandamentos de Deus para guardardes a vossa própria tradição."

Assim como os veneradores de imagens querem ser respeitados por serem devotos dessas imagens, também terão que respeitar o verdadeiro cristão que deseja ser devoto exclusivamente de Jesus Cristo e de ninguém mais. Nós amamos Maria e respeitamos e obedecemos ao mandamento que ela nos deixou: "Fazei tudo o que Ele vos ordenar." E Jesus nos ordena: "Se me amais, guardareis os Meus Mandamentos, assim como Eu guardo os Mandamentos de Meu Pai."

No Dia do Juízo muitos dirão: "Senhor! Senhor! Fizemos muitas curas e milagres, expulsamos demônios em Teu Nome!" Porém, Jesus lhes responderá: "Apartai-vos de Mim vós que praticais a iniquidade, nunca vos conheci. E ali haverá choro e ranger de dentes." Praticar a iniquidade, no original grego, é praticar a anomia, que significa transgredir a Lei (nomos = Lei, anomos = não-Lei).

Sejamos imitadores de Nosso Senhor Jesus Cristo e não sejamos seguidores de opiniões humanas que se esforçam para anular os Santos Mandamentos de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Que o Senhor Jesus nos dê ânimo, forças e alento para permanecermos leais devotos de Cristo e de mais ninguém. Amém!

* Parágrafo acrescentado por Edilson Rien.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

MAÇONARIA: TREVAS OU LUZ?

Clique sobre o título e será encaminhado ao site católico GlóriaTV, no qual está disponível um documentário em vídeo tratando sobre a história da maçonaria como atividade religiosa em lugar do cristianismo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O MITO DE PAULO SER LIVRE-DA-LEI PERMANECE ENTRE CRISTÃOS E JUDEUS

(The Myth of the 'Law-Free' Paul Standing Between Christians and Jews)
[Excerto]

Mark D. Nanos
Rockhurst University
Volume 4 (2009)

A Questão de Paulo ‘Tornar-se Como’ ou ‘Ser Como’

Enquanto o consenso esmagador aceita que Paulo era contra guardar as normas dietéticas judaicas em Antioquia, alguns intérpretes reconhecem que a lógica do argumento de Paulo em 1ª Coríntios transmite tanto que ele desaprovava o comer da comida que se sabia ser idolátrica, quanto o fato de que ele próprio não comia comida idolátrica, por exemplo, quando evangelizando entre os idólatras.48 A minha própria pesquisa fortalece este segundo caso.49 Os "débeis" ou "prejudicados", em 1ª Coríntios 8−10, provavelmente não são seguidores de Cristo, mas politeístas (pagãos), aqueles que ainda praticam ritos idolátricos como uma questão de princípio. "Eles" são "alguns" que necessitam deste conhecimento do Deus Único, que até agora estavam acostumados a comer comida idolátrica sem sentir que não é correto fazer assim (v. 7), diferentemente do público de Paulo, que é o "nós" que conhecemos o Deus Único e que "tem o conhecimento" que essas estátuas não representam deuses reais (8:1-6). E por que fariam diferente, se eles não são seguidores de Cristo, mas idólatras?
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48 Peter J. Tomson, Paul and the Jewish Law: Halakha in the Letters of the Apostle to the Gentiles, CRINT (Assen and Minneapolis: Van Gorcum and Fortress Press, 1990); Peter David Gooch, Dangerous Food: I Corinthians 8-10 in its Context, SCJ 5 (Waterloo, Ontario: Wilfrid Laurier University Press, 1993); Alex T. Cheung, Idol Food in Corinth: Jewish Background and Pauline Legacy, JSNT Sup 176 (Sheffield: Sheffield Academic Press, 1999); John Fotopoulos, Food Offered to Idols in Roman Corinth: A Social-rhetorical Reconsideration of 1 Corinthians 8:1-11:1, WUNT 2.151 (Tübingen: Mohr Siebeck, 2003).
49 "Polytheist Identity"; "Paul's Relationship to Torah in Light of His Strategy 'to Become Everything to Everyone' (1 Corinthians 9:19-23)," Interdisciplinary Academic Seminar: New Perspectives on Paul and the Jews, Katholieke Universiteit, Leuven, Belgium, September 14-15, 2009, estabelece este caso de modo detalhado.

A questão levantada pelos coríntios seguidores de Cristo é se eles podem comer a comida que era ou tinha sido sacrificada a ídolos. Eles raciocinam que desde que eles não mais acreditam que esses ídolos representam deuses e senhores, a comida oferecida a eles não tem nenhuma santidade. Comer comida relacionada aos ídolos com indiferença teria a vantagem de testemunhar as suas convicções do Evangelho e, ao mesmo tempo, não causaria ofensa aos seus vizinhos politeístas. A retirada de todos os contextos onde era servida e de onde era comprada no mercado, em contraste, seria parecida com um suicídio social, como se residissem à parte do mundo. Como eles deveriam viver quando praticamente cada compromisso social e a maior parte da comida disponível para refeições implicavam alguma associação com a idolatria da sua família, vizinhos e companheiros de trabalho politeístas, e com a vida cívica em geral?

Contudo, Paulo vê as coisas de um ponto de vista judaico fundamentado na Torá, e evita a lógica do apelo deles para comer a comida idolátrica. O seu raciocínio provavelmente os surpreendeu, já que os israelitas sustentavam há muito tempo que os ídolos eram meramente estátuas, que não deviam ser construídas. Aqueles que adoravam os deuses através dos "ídolos" eram considerados como sendo mal-guiados, no mínimo. Mas ele não segue a idéia de que se pode participar com indiferença em ritos idolátricos ou até comer a comida que tinha sido usada em qualquer desses ritos, inclusive quando mais tarde estava disponível no mercado. Melhor, ela deve ser evitada como se estivesse infectada com poderes que procuram rivalizar com Deus e prejudicar Seu povo.50 Portanto, Paulo sustenta que antes que testemunhar aos seus vizinhos politeístas, comer dessa comida idolátrica pode servir de escândalo para eles, levando-os a continuar na idolatria sob a impressão de que a fé em Cristo sanciona tal comportamento. Eles permanecerão ignorantes sobre a proposição do Deus Único, que está no coração da confissão deste subgrupo judaico, a comunidade da fé em Cristo.
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50 Paradoxalmente, a Escritura não banaliza os ídolos como deuses sem sentido e proscritos como demoníacos e perigosos para os que estão em Aliança com o Deus Único (e.g., compare Deu. 32:21 com vv. 16-17; Isa. 8:19 e 19:3 com os capítulos 40 e 44; cf. Wis 13—16; ver também Sal. 106:36-39; 1 Enoque 19; Jubileus 11.4-6); outros deuses, e senhores são implicitamente reconhecidos a existir, apesar de serem menores do que o Deus de Israel, e eles não devem ser honrados pelos israelitas (Êxo. 15:11; 20:2-6; 22:28; Deu. 4:19; 29:26; 32:8-9; Sal. 82:1; Miquéias 4:5; Tiago 2:19); imagens de outros deuses devem ser destruídas na terra de Israel (Êxo. 23:24; Deu. 7:5). Ver Tomson, Paul, 151-77, 208-20; Cheung, Idol Food, 39-81, 152-64, 300-1.

Mas, por quê Paulo não dá uma resposta direta e diz que a Torá ensina que o "conhecimento" sobre Cristo é não comer alimentos idólatras? Porque o seu público-alvo não é composto por judeus, assim, eles não estão sob a Torá, nos mesmos termos que os israelitas. O entendimento de Paulo sobre a lógica da verdade é que Deus é Um e é o Deus Único de Israel, e que o Evangelho o constrange a tal ponto. Assim, ele inicia 1ª Coríntios 8 com os primeiros princípios. Ele concorda com os seguidores de Cristo que "sabem" que não existe tal coisa como os deuses e senhores que essas estátuas representam (v. 4). No entanto, ele acrescenta, como parte de seu apelo lógico para o Shemá - a proclamação para Israel, e para os gentios crentes em Cristo também - que há coisas como outros deuses e senhores, a quem ele vai identificar como demônios (v. 5; 10:20-21). Então, ele escreve no equilíbrio do capítulo 8, que, porque alguns não têm esse conhecimento, sendo "fracos/prejudicados", o "conhecedor" deve abster-se de comportar-se como se todas as coisas relacionadas aos ídolos fossem consideradas profanas. Fazer isso irá prejudicar os "fracos" politeístas, pois pensam que essas coisas são sagradas para os deuses e senhores aos quais são dedicados. Esse comportamento não enviaria a mensagem para esses "prejudicados", ainda não-crentes em Cristo "irmãos pelos quais Cristo morreu" (8:11-12, cf. Rom. 5:6-10), que eles, juntamente com os seguidores de Cristo e todos os israelitas, se abstenham de tal comportamento e voltem para o Deus Único e sem igual.51
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51 Cf. Nanos, "Polytheist Identity," para uma discussão aprofundada da lógica para a compreensão dos “irmãos” asthenes ( "fracos/prejudicados") como os idólatras não-crentes em Cristo, e da preocupação da carta em ganhá-los para Cristo. Note que os pais da Igreja continuaram agindo conforme esse entendimento da construção de estranhos como parentes. Inácio (final do 1º, início do 2º séc.) convida seus destinatários a orar por pessoas de fora da igreja, e de se comportarem como "irmãos/irmãs [adelphoi]" para eles, tal como expresso através da imitação como Cristo viveu humildemente com o seu próximo, incluindo a escolha de ser injustiçado, apesar do erro deles (Eph. 10; cf. Mart. Pol. 1.2). E embora Crisóstomo (final do 4º séc.) entendesse o prejudicado em 1ª Cor. 8—10 sendo os seguidores de Cristo, ele sustentava que os cristãos da base socioeconômica no seu próprio público deveriam considerar como irmão o colega de classe social mais do que o da elite ou rico (Cor. 117 [Homily XX]). Para exemplos não-cristãos da preocupação com os de fora do próprio grupo filosófico, ver Epictetus, Diatr. 1.9.4-6; 1.13.4, sobre os Cínicos em particular, Diatr. 3. 22.81-82; Marcus Aurelius, 2.1; 7.22; 9.22-23.

Após uma digressão no capítulo 9, para explicar o próprio auto-sacrifício no modo de viver, inclusive como ele adapta sua retórica a cada grupo que procura ganhar, Paulo move o argumento contra o comer alimentos oferecidos aos ídolos até a etapa seguinte no capítulo 10. Evitando até certo ponto o apelo direto às injunções da Torá, ele invoca exemplos da Torá para deixar claro que aquele que come à mesa do Senhor não pode também comer à mesa de outros deuses, assim chamados demônios. Em outras palavras, ele admite que há poderes associados aos ídolos, minando a concessão teórica com a qual ele iniciou este argumento que, aparentemente, compartilhava a premissa dos gentios crentes em Cristo de que não havia nenhuma coisa tal como outros deuses e senhores. Assim, apesar do fato de Deus ter feito todas as coisas para serem comidas com a oração de santificação, nem todas as coisas podem ser comidas. A pureza não é inerente à comida, mas imputada pelo mandamento de Deus. Qualquer comida que se sabe ser comida idolátrica, se disponível no mercado, ou oferecida na casa de um anfitrião, não pode ser consumida. Os crentes em Cristo, como os israelitas bíblicos, devem abandonar a idolatria, tanto por sua própria causa como por causa dos seus vizinhos politeístas, seus irmãos e irmãs na Criação, aos quais Deus em Cristo procura remir através deles.

Paulo não permitiu o comer alimentos sabidamente idolátricos, e não há nenhuma indicação de que ele próprio alguma vez os comeu. As provas mostram o contrário. Além disso, o ensino da igreja primitiva por séculos consistiu em que os cristãos não deviam consumir a comida idolátrica, em parte, baseado na sua leitura deste texto.52 O argumento de Paulo, inclusive aquele contido em 1ª Cor. 9:19-22, confirma que o seu público sabia que ele era não só alguém que não comeria tal comida, mas também alguém que esperava que eles agissem da mesma forma. Assim, embora eles soubessem que ele era praticante da Torá, quando havia estado entre eles em Corinto, a sua questão é um protesto pelo custo a sua vida cívica causado por Paulo negar esta comida para eles como gentios. Eles sabiam que pelos termos definidos na própria proclamação de Paulo da verdade do Evangelho, ele entendia que eles permaneciam não-judeus e não estavam sujeitos à Torá.
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52 Acts 15:20, 29; 21:25; Rev 2:14, 19-20; Didache 6.3; Ignatius, Magn. 8—10; Pliny, Letters 10.96; Aristides, Apology 15.4; 12; Justin, Dial. 34.8; 35.1-2; Tertullian, Apol. 9.13-14; Cor. 10.4-7; 11.3; Spect. 13.2-4; Jejun. 2.4; 15.5; Mon. 5.3; Clement, Strom. 4.15.97.3; Tomson, Paul, 177-86; Gooch, Dangerous Food, 122-27, 131-33; Cheung, Idol Food, 165-295; David Moshe Freidenreich, "Foreign Food: A Comparatively-enriched Analysis of Jewish, Christian, and Islamic Law" (PhD Thesis: Columbia University, 2006), 123-41. Barnabas 10.9, pode sugerir um primeiro grupo que comia qualquer coisa, mas não é específico sobre a comida idolátrica; e ver Tertuliano, Apol. 42.1-5.

Em Gál. 9:19-22, Paulo declara que para ganhar os judeus ele "se tornou como um judeu," para ganhar os "debaixo de nomos" (lei/Aliança/Torá?) ele "tornou-se como alguém debaixo de nomos," mas também para ganhar o sem-lei ele "se tornou como um sem-lei" (anomos), e para ganhar o "fraco" ele "tornou-se fraco", que são entendidos como inseguros na sua liberdade em Cristo, e então evitam comer a comida idolátrica.53 Esta afirmação tem sido universalmente compreeendida como significando que Paulo considera a observância da Torá, inclusive o valor da própria identidade judaica, como sendo só uma questão de conveniência evangélica. Aquela interpretação, que com objetivos analíticos pode ser chamada "a adaptabilidade do estilo de vida," depende da compreensão da motivação para "tornei-me como" (egenomen hos) os membros de cada um dos vários grupos, para significar a motivação para "eu imitar a conduta" de cada um deles.
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53 Não está claro como a referência a esses "sob a lei" difere de "judeus", por exemplo. Talvez ele se refira a prosélitos ou aos que representam as normas mais rigorosas, como fariseus, alternativamente, pode referir-se a estar sob as leis ou convenções Romanas ou outras. Do mesmo modo, não está claro se anomos refere-se a judeus sem-lei (talvez não-praticantes), bem como para os não-judeus, ou somente para não-judeus, como se ele tivesse escrito xoris nomos ( "sem-lei"). Veja o meu "Paul's Relationship to Torah" e "Paul and Judaism."

Na visão de consenso, Paulo não compartilha com os vários grupos as verdades da proposição, mas ele simplesmente copia certos aspectos do seu comportamento, presumivelmente, para ganhar uma audiência entre eles fazendo-os (erradamente) supor que ele poderia compartilhar de fato as suas convicções. Isto aplica-se a tal conduta como comer conforme a Torá, quando com aqueles que comem haláquicamente, e sem consideração à Torá, quando com aqueles que não comem segundo as normas dietéticas judaicas. Em outras palavras, Paulo não se "torna" de fato nem "torna-se como" cada grupo por ele referido, mas, em vez disso, simplesmente "finge na superfície viver como" eles quando está entre cada um deles. Então, ele abandona aquela conduta e vive como os outros quando entre eles. Mas há outro modo de entender o argumento de Paulo, aqui, que evita implicar que ele é indiferente à Torá como também que ele comprometia sua moralidade atribuindo-lhe uma estratégia do tipo "troca-isca" [ou vira-casaca*].

Ao invés de sugerir que ele se relaciona com cada pessoa ou grupo imitando seu estilo de vida, proponho que, ao invés disso, Paulo está se referindo a sua estratégia retórica para persuadi-los. Seu "tornar-se como" não significa "comportar-se como," mas sim "argumentando como", ou "raciocinando como". Ele emprega uma estratégia de "adaptabilidade retórica", amplamente acolhida na tradição filosófica de seu tempo, na qual um orador começa com as premissas daqueles a quem procura persuadir, tendo ou não, em última análise, a intenção de destruir essas premissas.54 Era o método de Sócrates, e ainda é empregada como um dos melhores métodos para ensinar aos alunos. Rotineiramente, Paulo começa com verdades proposicionais de seu público, seja para compartilhá-los, como faz com os judeus e aqueles que são cumpridores da Torá, ou não, como nos casos daqueles que ele chama sem-lei, ou os fracos que se dedicam à idolatria como uma questão de convicção. Ele não se comporta como eles, mas argumenta de forma a adaptar-se ao pensamento proposicional de cada grupo, que ele procura persuadir ao Evangelho.
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54 W. B. Stanford, The Ulysses Theme: A Study in the Adaptability of a Traditional Hero (Dallas: Spring Publications, 1992), 90-101.

Assim, também aqui, ele se aproxima do conhecimento em Corinto sobre o alimento idólatra, parecendo confirmar as premissas com as quais ele discorda, a fim de levá-los a conclusões diferentes daquelas que eles tinham planejado.

Lucas descreve Paulo pregando aos filósofos, em Atenas, justamente desta forma (Atos 17:16-34). Paulo começa a partir da premissa deles de que existe um "Deus desconhecido", a quem dedicaram uma estátua. Paulo não começa declarando que não existe tal coisa como deuses politeístas, mas baseia-se na (errada) convicção deles de que este "ídolo" simboliza um deus. Então, ele declara a identidade daquele Deus como sendo realmente o Deus de Israel. Em seguida, ele passa a informá-los que este Deus não aprova a construção de estátuas de Si mesmo, ou de qualquer outro suposto deus ou senhor. Paulo não faz essa crítica óbvia no início de seu discurso, mas ela torna-se transparente à medida que ele se move para sua conclusão de que o Deus de Israel é o único Deus Criador de toda a humanidade. Desta forma, Paulo "tornou-se como" um idólatra para ganhar os idólatras. Ele não se conduziu idolatricamente nem imitou a conduta idólatra, pelo contrário, ele permanece como um judeu praticante da Torá enquanto discute a partir das premissas dos politeístas aos quais procura persuadir.

Minha leitura não só evita a caracterização negativa de Paulo e seus métodos como intencionalmente enganosos, que compromete de forma questionável sua retidão, verdade e justiça, mas também desafia a noção de longa data de que 1ª Coríntios 8-10 mostra claramente que Paulo é por definição livre-da-Torá. Em vez disso, demonstro que ele é cumpridor da Torá e que ele constrói seus argumentos assumindo que seu público está ciente deste fato. Intérpretes subsequentes, supondo que seus contemporâneos compartilhavam o entendimento posterior que Paulo fosse livre-da-Torá, não só terminaram por descaracterizá-lo, mas também perderam a essência de seu ensino.

[Texto extraído das páginas 25 a 30 do estudo mencionado no título inicial. *A observação entre colchetes foi acrescentada pelo tradutor.]

terça-feira, 11 de maio de 2010

QUEM TEM AUTORIDADE SOBRE O CÂNON? - SEGUNDA PARTE

A Verdadeira Autoridade


Segunda Parte


TRANSCRITO DE DUAS ENTREVISTAS REALIZADAS NA CALIFORNIA

NO PROGRAMA “DEBATENDO A VERDADE” PELO DR. KING

NO MÊS DE FEVEREIRO DO ANO DE 2006.


(Entrevista concedida pelo Dr. Dan Ben Avraham, professor de Judaísmo e Filosofia Judaica ao Dr. King em seu programa, “Debatendo a verdade”. Taquigrafado pelo departamento de relações públicas).

Dr. King: Boa noite. Como havia prometido, finalmente encontrei um expert de Bíblia judeu que crê em Jesus como o Messias e que assistiu ao programa prévio de televisão onde entrevistamos ao Dr. Piodoche e ao Dr. Martín, representantes da Igreja Católica e Protestante respectivamente. Dr. Avraham, seja bem vindo e obrigado por estar conosco.

Dr. Avraham: Sou eu quem agradece, Dr. King e agradeço a todo este magnífico auditório presente.

Dr. King: Como disse previamente, o Sr. assistiu ao programa prévio. O que achou?

Dr. Avraham: Foi um programa muito bom, muito bem dirigido pelo Sr. e desenvolvido de forma impecável pelas partes. Apesar de o assunto ser difícil e “quente”, ambos se mostraram muito capazes, muito respeitosos e muito bem informados.

Dr. King: Em sua opinião quem ganhou o debate?

Dr. Avraham: É um pouco difícil dizer quem ganhou o debate porque segundo a minha perspectiva ambos estão fora da realidade da autoridade, mas em todo caso, se me situar estritamente dentro dos limites eclesiásticos e teológicos que apresentaram, creio que quem teve razão foi o representante da Igreja Católica, o Dr. Piodoche.

Dr. King: Sobre o que se baseou sua decisão?

Dr. Avraham: As evidências apresentadas. Não houve forma que o Dr. Martín pudesse rebater o fato de que cultural e teologicamente, a Igreja Protestante e Evangélica está unida à Igreja Católica e que depende dela, da sua antiguidade e autoridade.

Dr. King: Então o Sr. concorda que a autoridade para determinar quais livros devem fazer parte da Bíblia e especialmente do Novo Testamento, está na Igreja Católica?

Dr. Avraham: Absolutamente não. Por isso disse que segundo minha perspectiva, ambos estavam fora da autoridade.

Dr. King: O que quer dizer com “estavam fora da autoridade”?

Dr. Avraham: Quero dizer que o assunto da autoridade em termos de recepção e transmissão das Escrituras, nem a Igreja Protestante nem a Igreja Católica tem a autoridade.

Dr. King: Quem tem então?

Dr. Avraham: A evidência que provêm do próprio documento conhecido como Novo Testamento, explica a quem foi dada tal autoridade.

Dr. King: Obviamente quero que me fale sobre isto. Mas antes, foi dito aqui que Israel deixou de ser o povo escolhido por ter rejeitado a Jesus e que esta posição foi preenchida pela Igreja e que se os judeus querem fazer parte dessa posição de novo, têm que se converter ao cristianismo. O que o Sr. me diz? Aceita ou não?

Dr. Avraham: Não, não é necessário converter-se, não creio que Israel deixou de ser o povo escolhido e muito menos que o judeu tenha que se tornar cristão para retomar sua posição de povo escolhido.

Dr. King: Mas o Sr. crê em Jesus como Messias, não?

Dr. Abraham: Eu não creio que este Jesus criado pela Igreja Católica seja o Messias.

Dr. King: Como? Pode explicar?

Dr. Avraham: Claro que sim. Em primeiro lugar não falamos de Jesus que é uma tradução infeliz do nome hebraico do judeu que requereu ser o Messias. Seu verdadeiro nome foi Yehoshua e a abreviação deste nome é Yeshua. Tristemente a tradução do nome não é simplesmente um assunto gramatical, mas também algo mais sério, um assunto de teologia.

Dr. King: Poderia explicar, por favor?

Dr. Avraham: Claro que sim, com muito prazer. Yeshua foi um judeu que viveu dentro da comunidade judaica de Israel entre os primeiros 30 anos da era atual. Em seus dias, o Templo de Jerusalém estava de pé com todos os sacerdotes e levitas oficiando os sacrifícios diários estabelecidos pelo Eterno ao nosso povo.

Como judeu que foi, enquanto era criança, subia com seus pais todos os anos para as três festas anuais que todo judeu está obrigado a santificar em Jerusalém. Nas outras podia faltar, mas nestas três não. Estas festas eram: Pessach (Páscoa) Shavuot (Pentecostes) e Sucot (Tabernáculos). Como é evidente, o mundo de Yeshua foi o mundo judaico: a lei de Moisés, o Templo, os sacerdotes, os levitas, os juízes de Israel, os mestres e as diferentes escolas de pensamento hebraico de seus dias: fariseus, saduceus, essênios, sicários, zelotes, etc.

Dr. King: O que o Sr. está dizendo é que Jesus, ou seja, Yeshua não foi cristão.

Dr. Avraham: O Sr. Mesmo disse. Yeshua não foi cristão, não havia cristianismo em seus dias. Somente judaísmo. Portanto, as palavras de Yeshua, têm que ser entendidas à luz do Judaísmo, não do Cristianismo que veio depois, uns 300 anos mais tarde.

Dr. King: Então o Sr. afirma que o Cristianismo é um fato religioso posterior a Yeshua.

Dr. Avraham: Correto. Não somente posterior a Yeshua historicamente falando, mas que não representa o ensinamento real de Yeshua, nem de seus ditos nem de sua vida.

Dr. King: Por que não os representa?

Dr. Avraham: Porque suas palavras foram interpretadas à luz do helenismo greco-romano, não à luz do Judaísmo.

Dr. King: O que o Sr. quer dizer é que a interpretação que fez o Cristianismo de Jesus, quero dizer, Yeshua, é muito diferente da interpretação judaica?

Dr. Avraham: Isto é o que quero dizer. A Igreja surge num contexto diferente ao de Yeshua. Ela existe fora de Israel, em meio à comunidade gentia, imperial e pagã. Não dentro do judaísmo. Então a missão mais importante da Igreja foi como ganhar os pagãos para a nova fé. E com o objetivo de tornar tal esforço mais sofrível e conhecido, agregaram os ditos e ensinamentos de Yeshua, que eram judeus, à linguagem e cultura dos pagãos. O resultado foi a distorção da mensagem judaica a respeito do Messias judeu.

Dr. King: Então o que conhecemos hoje como a mensagem cristã não necessariamente foi a mensagem original de Jesus, ou seja, de Yeshua.

Dr. Avraham: Correto. Sus palavras foram entendidas e explicadas à luz da filosofia helenista e do paganismo, não à luz do Judaísmo. E o resultado deste feito foi o surgimento da Igreja Cristã, ou seja, o Cristianismo Católico tem muito pouco de sua essência original, ainda que guarde muitas de suas formas externas, mas fundamentadas em dois fatos chaves: transferência seletiva e substituição absoluta.

Dr. King: O que significa, Dr. Avraham, o que o Sr. chama transferência seletiva e substituição absoluta?

Dr. Avraham: Significa que a Igreja Católica, fundamentada em uma série de ensinamentos que já vinham sendo dados por alguns líderes cristãos, obviamente não-judeus, a partir do segundo século, como por exemplo, Inácio de Antioquia, quem afirmou que Israel havia deixado de ser o povo escolhido e substituído pelos cristãos, desenvolve uma teologia de substituição, ou seja, ela é agora um novo Israel, o novo povo do Eterno, os judeus foram rejeitados e substituídos pelos cristãos e fora isso, uma teologia de transferência seletiva, ou seja, as bênçãos que inicialmente haviam sido dadas para Israel, agora são passadas ou transferidas para a Igreja, mas as maldições são creditadas aos judeus rejeitados pelo Eterno. (Ler Efésios 2:11-22 e Romanos 11:17-20)

Dr. King: Em outras palavras, o bom para cá e o mau para lá…

Dr. Avraham: Exatamente. Isto sucedeu e o resultado é a criação de uma entidade religiosa completamente separada e divorciada de sua matriz judaica e em ocasiões, não somente separada e divorciada, mas sua pior inimiga. Creio que ninguém duvida da grande inimizade que causou o Cristianismo Católico a tudo o que fosse judaico, as perseguições, as cruzadas, a inquisição e finalmente o holocausto nazista. Tristemente, tudo isso em nome da fé cristã e em nome de Jesus.

Dr. King: E como pôde acontecer isto? Não deveria haver um sentido de gratidão ao povo judeu por parte da Igreja?

Dr. Avraham: As coisas não aconteceram de um dia para outro. Foi um processo que levou anos, séculos. E tudo começa quando os postulados básicos do Judaísmo são ignorados para se tornarem acessíveis aos pagãos, para evitar a censura romana, que era o império naqueles dias e que estava em guerra contra os judeus, são eliminadas todas as práticas e princípios judaicos que inicialmente desfrutaram os crentes em Yeshua, o calendário é alterado para não conter nada judaico nele, as datas bíblicas são substituídas por datas de celebração pagã e os judeus são acusados de serem os culpados da morte de Cristo. Isto foi criando uma separação, um ódio ao povo judeu que se transforma em um movimento antissemita de proporções mundiais até nossos dias. Este processo foi o que eventualmente, com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo por razões políticas, não religiosas, ou seja, para usar o cristianismo como ferramenta política, criou as condições para o Santo Império Romano, ou seja, o Cristianismo se transforma na religião oficial do Estado com um objetivo: criar um governo mundial que domine o mundo inteiro, pois assim pensaram que seria o domínio de Cristo na terra.

Dr. King: Então o cristianismo não existiu no primeiro século... É isto que o Sr. quer dizer?

Dr. Avraham: O cristianismo não tem nada a ver com o movimento de crentes não-judeus do primeiro século. O cristão de Antioquia nos dias de Paulo, não tem nada a ver com o cristão de Roma três séculos mais tarde. São duas coisas completamente diferentes, em perspectiva, estado, doutrina e cultura. Como do dia para a noite. Tristemente, o Cristianismo formado assim, ou seja, a Igreja Católica ou universal veio a ser a antítese do movimento cristão do primeiro século.

Dr. King: O Sr. tem dito coisas extremamente importantes aqui que nos dão muita luz para entender certas coisas que em minha mente, por exemplo, não podia entender. Eu não podia entender como o cristianismo pôde ser anti-judaico e antissemita. Creio que agora percebo porquê. Isto é revelação para mim. Mas tenho uma pergunta: Foi para esta Igreja Católica e antissemita como o Sr. tem afirmado, que se revelou o Novo Testamento? Porque se é assim, como poderemos confiar nestes documentos? São confiáveis os documentos que a Igreja declara como seus e que tem dado ao mundo como palavra segura e inspirada de Yeshua e seus apóstolos? Em outras palavras, o Sr. recomenda, como judeu, o Novo Testamento editado pela Igreja Católica? Gostaríamos de escutar sua opinião.

Dr. Avraham: A fidelidade do Eterno supera as debilidades do homem. E a maldade do homem não anula a fidelidade do Eterno, nem Sua Palavra. Isto é certo no que se refere às Escrituras Hebraicas, à Bíblia Hebraica e é certo no que se refere a qualquer outra verdade que o Eterno tenha desejado preservar para o homem. Nesta ampla realidade da fidelidade do Eterno, aceitamos que o documento conhecido como Novo Testamento contem uma riqueza e uma herança magnífica dos ensinamentos originais de Yeshua, nosso Adon (Senhor), nosso Messias e assim como de seus discípulos originários.

Dr. King: O Sr. diz “contem”. Significa que nem tudo está ali?

Dr. Avraham: Exatamente, nem tudo está ali. De fato o próprio testemunho interno deste documento conhecido como Novo Testamento, ao qual chamamos Código Real, revela que as palavras e feitos de Yeshua superam excessivamente o que foi escrito dele. Um de seus discípulos, por exemplo, afirmou que se fossem escrever uma por uma, não caberiam no mundo os livros que teriam que ser escritos. João 21:25.

Dr. King: E onde estão estes livros?

Dr. Avraham: Esta coleção de livros que conhecemos como Novo Testamento não se formou de um dia para outro. Nem os próprios discípulos de Yeshua tiveram idéia, talvez de que se editariam todos juntos e formariam um livro. Nem entraram num acordo com outros para fazer isso. Cada qual escreveu de acordo com a situação particular em que se encontrava e suprindo as necessidades específicas das comunidades de crentes que haviam se formado. Entretanto, como regra geral, os próprios apóstolos tinham conhecimento dessas cartas e as valorizavam. Ao menos isto é o que nos indica o Apóstolo Kefa (Pedro), por exemplo, em uma de suas cartas, em relação aos escritos do Apóstolo Paulo. Por isso existem cartas endereçadas à indivíduos em particular e à comunidades em particular para resolver problemas particulares daqueles dias. Por outro lado, é impossível crer que tendo Yeshua tantos discípulos, somente dois ou três escreveram suas memórias e seus ditos. E é impossível crer que sendo tantas as comunidades surgidas por onde queira, tanto judaicas como gentílicas, outras cartas e documentos semelhantes aos que agora temos, não fossem escritos. A arqueologia tem um grande trabalho adiante e grandes surpresas nos esperam.

Por outro lado, sabemos que muitos documentos hebraicos antigos foram queimados pela Igreja em lugares públicos. Muitos desses documentos em hebraico eram cópias de outros documentos em hebraico escritos pelos apóstolos. Talvez tenham se perdido para sempre. Além do mais, quando a Igreja selecionava este ou aquele documento como válido, os que tinham outros rolos não aceitos ou não reconhecidos pela Igreja, ou que não foram mencionadas pela Igreja em seus concílios, os escondiam e possivelmente apareçam em qualquer momento. Talvez não, talvez tenhamos perdido. Seria uma grande perda, certamente. Minha esperança é que muitos destes documentos apareçam.

Dr. King: O Sr. mencionou algo interessante, que foi a Igreja, mediante seus concílios quem editou o Novo Testamento como o conhecemos agora.

Dr. Avraham: Certo. Foi a Igreja Católica quem editou o Novo Testamento como o conhecemos hoje em dia. Não talvez porque quis, mas porque foi obrigada, em certo sentido, a fazer isto.

Dr. King: Como “foi obrigada a fazer isto”?

Dr. Avraham: Quando morrem os apóstolos e a geração de seus discípulos e começa o segundo século, existem fatores políticos que não podemos perder de vista que influenciam em fatos que vão ocupando lugar dentro das fronteiras do império romano e além de seus limites. Uma grande guerra havia terminado no ano de 73, na qual Roma saiu ganhando militarmente. Muitos judeus morrem, outros são perseguidos, expulsos de sua terra e têm que ir ao exílio e muitos deles vivendo clandestinamente para salvar suas vidas. Um movimento de resistência judaica surge e Roma sabe disto. De fato, a guerra explode de novo em 132 com grandes baixas romanas e a conquista de Jerusalém pelos judeus daquela geração.

Uns anos depois, os romanos ganham finalmente a guerra e outra vez os judeus têm que se esconder entre as nações e dispersar-se entre os povos. Isto foi assim até recentemente quando se cria em nossos dias o moderno Estado de Israel. A principio, os crentes, isto é, seguidores de Yeshua não-judeus, são perseguidos também por Roma, porque pensavam que se tinham tornado judeus devido à similaridade de suas práticas e crenças judaicas.

Dr. King: Quer dizer que no princípio não havia separação entre a sinagoga e a igreja?

Dr. Avraham: No princípio não havia, pois se fixaram as pautas da maneira como deveriam viver os gentios que se convertiam ao Elohim de Israel, que não tinham que se tornar judeus ou viver como judeus necessariamente. Os crentes não-judeus, seguidores de Yeshua, foram aceitos nas comunidades judaicas nazarenas e havia paz entre ambos os grupos. Obviamente sempre existem problemas e queixas, onde há gente há dificuldades, mas doutrinalmente e socialmente não havia separação. Quando os judeus são perseguidos por Roma, os crentes em Yeshua, que não eram judeus, foram perseguidos por Roma.

Dr. King: Porque Roma pensava que se haviam tornado judeus.

Dr. Abraham: Correto. Então, para evitar a perseguição romana, os crentes em Yeshua, não-judeus, tentam demonstrar às autoridades imperiais, que eles não são judeus nem têm ligação com o Judaísmo. Para provar isto, mudam seu culto, seu dia de adoração passa do sétimo (Shabat) para o primeiro (Domingo), ordenado por Roma, mudam as festas bíblicas e as substituem pelas festas religiosas pagãs do império, mas agora cristianizadas e desta maneira, o cristianismo distancia suas tendas de Jerusalém e as levanta cada vez mais perto de Roma. O apoio cristão posterior ao império e a cristianização oficial do mesmo, como expliquei antes, culminam esse processo até a primeira metade do século quarto da era atual.

Entretanto, dentro do próprio cristianismo, havia diferentes perspectivas, diferentes posições, divisões, rivalidades etc. Um dos lideres cristãos do século segundo, chamado Márcion, filósofo grego e expert em religião do estado romano para a época, filho de um líder cristão reconhecido, se muda para Roma e estabelece uma escola de pensamento cristão com idéias helenistas e filosóficas, especialmente de cunho gnóstico.

Márcion, foi o primeiro homem que se atreveu a chamar de “Antigo Testamento” a Bíblia hebraica (o Tanach, que contem os 5 livros da Lei dada pelo Eterno a seu povo, através de Moisés, mais os Profetas e Escritos). O chamou Antigo Testamento porque pensava que seu conteúdo já não tinha aplicação para os crentes em Jesus (Yeshua, o Messias), e que havia sido substituído pelo Novo Testamento. Disse que era um livro antigo e que pertencia somente aos judeus e que carecia de valor para os cristãos. Márcion ensinou que no Antigo Testamento (o Tanach) não havia Graça e que a Graça aparece pela primeira vez no Novo Testamento (Código Real). A divisão que hoje temos em nossas Bíblias do Tanach e Código Real, mal-conhecidos como Antigo e Novo Testamento, existe por causa desse homem, Márcion.

Segundo seus ensinamentos, o Elohim do “Antigo Testamento” era um Elohim de juízo e condenação, mas o Elohim do “Novo Testamento” é um Elohim de Graça e amor. Ainda que alguns líderes da Igreja Católica declarem Márcion um herege, a rejeição das Escrituras que ele difundiu criou raízes e prosperou escabrosamente.

Este homem chamado Márcion deu uma lista dos livros que ele considerava que deveriam ser recebidos pelos cristãos como autênticos. E essa lista dada por Márcion para seu movimento, o “Marcionismo”, criou uma revolução dentro do movimento cristão.

Dr. King: E que livros ou documentos estavam nesta lista de Márcion?

Dr. Avraham: Ainda não existia o chamado Novo Testamento. Existiam cópias de cartas e de evangelhos que circulavam entre as comunidades e algumas eram muito conhecidas por todo o mundo. Mas não havia algo como “Novo Testamento”. Quando Márcion publica sua lista, inclui 10 cartas de Paulo e o evangelho de Lucas, o companheiro e discípulo de Paulo. Isso criou um cisma no cristianismo, como era de se esperar e ele fez com que os líderes cristãos se unissem para decidir o que fazer com Márcion. Excomungaram Márcion, o declararam herege, circularam o aviso entre as comunidades e deram a conhecer uma lista de livros que todos os cristãos podiam ter como confiáveis. Havia muitos documentos circulando e cópias de documentos. Em total apareceram uns 5.000 manuscritos, em grego, destes escritos. Como podemos imaginar, selecionar entre 5.000 manuscritos, alguns dos quais somente contêm umas linhas, é uma tarefa muito difícil. Além do mais, existem citações antigas de ensinamentos e expressões de Yeshua que não aparecem sequer nos manuscritos gregos, e isso indica que houve outra fonte antiga, possivelmente hebraica, da qual se traduziu para o grego.

Dr. King: Em que idioma falou Yeshua?

Dr. Avraham: Seguramente não dava seus discursos e ensinamentos em grego nem em latim. Antes acreditávamos que o aramaico era a língua materna entre os judeus em Israel, agora sabemos pela arqueologia e os descobrimentos dos rolos do mar morto que era o hebraico, mesmo havendo expressões aramaicas, inclusive gregas, que foram adotadas na linguagem cotidiana. Portanto, podemos ter quase certeza que Yeshua falou em hebraico, logo seus ensinamentos se traduziram para outras línguas, através do grego, a linguagem internacional daqueles dias.

Dr. King: Realmente estou me deleitando com toda esta informação e espero que nosso auditório também. Entretanto, há um assunto crucial nisso tudo. O Sr. é judeu e crente em Yeshua, como o Sr. disse, como o Messias prometido a Israel. Certo?

Dr. Avraham: Certo.

Dr. King: Em um programa prévio tivemos aqui dois bons amigos, o Dr. Piodoche e o Dr. Martín, católico e protestante, respectivamente. E foi debatido o assunto de quem tem a autoridade para determinar o conteúdo da fé cristã e, sobretudo quem tem a autoridade para estabelecer quais livros devem ser considerados inspirados e quais livros não, ao que se refere à Bíblia, mas especialmente o Novo Testamento. O Dr. Piodoche afirmava que somente a Igreja Católica tem essa autoridade. Mas o Dr. Martín, afirmava que a Bíblia em si é sua própria autoridade. Em resposta, o Dr. Piodoche estabeleceu que se não fosse pela Igreja Católica, os protestantes e evangélicos não teriam o Novo Testamento e que, portanto, eles deviam gratidão e sujeição à Igreja Católica, porque somente ela tem demonstrado historicamente, ser a receptora da revelação de Jesus como o Messias e do Novo Testamento como escritura inspirada e válida para todos os cristãos.

Dr. King: Vocês, os judeus crentes em Jesus como o Messias, quero dizer, Yeshua, estão sujeitos também à autoridade da Igreja Católica ao que se refere a ela ser a receptora da revelação do Novo Testamento e quem tem definido os livros que devem fazer parte do mesmo? Dr. Avraham, queremos ouvir sua resposta.

Dr. Avraham: Para responder esta pergunta, usarei dois argumentos:

Primeiro, o argumento interno do próprio Novo Testamento. Segundo, o argumento histórico. Vamos ao primeiro, o argumento que encontramos no próprio Novo Testamento.

Primeiro: 1ª Timóteo 3:16 afirma: “Toda a Escritura é inspirada pelo Eterno…” Quem escreve isto? Um católico ou um judeu? Um judeu. Portanto, é um judeu quem está dando testemunho e dizendo que “Toda a Escritura é inspirada pelo Eterno”.

Segundo: Quando diz “toda a Escritura”, a que se referia? Ao Novo Testamento ou à Bíblia Hebraica? Não ao Novo Testamento! Não existia algo como o Novo Testamento. Portanto, é a Bíblia Hebraica. Assim, o próprio testemunho do documento que a Igreja Católica chamou Novo Testamento, afirma que a Escritura Inspirada é a Bíblia Hebraica, portanto, o Novo Testamento fica de fora desta declaração porque não existia, o único que existia era a Bíblia Hebraica: A Lei do Eterno dada por meio de Moisés, os Profetas e os Salmos (Tanach).

Dr. King: Então o Sr. não considera o Novo Testamento como inspirado?

Dr. Avraham: Não disse isso. Eu disse que no momento em que Paulo afirma que “toda a Escritura é inspirada pelo Eterno”, ele não tinha em mente algo como o Novo Testamento, porque não existia o Novo Testamento. Somente existia a Bíblia Hebraica. Em outras palavras, quando Paulo visitava as comunidades judaicas do primeiro século, não ia levando consigo o evangelho de Mateus, o de Marcos, o de João u a Carta de Pedro, nem o Apocalipse. Essas escrituras vieram depois, se formaram depois. Historicamente então, historicamente falando, a Escritura Inspirada de que Paulo falou era a Bíblia Hebraica (A Torá ou Lei dada pelo Eterno através de Moisés, os Profetas, Salmos).

E tem mais, no Novo Testamento, em Romanos 3:1,2 diz o seguinte: “Que vantagem tem o judeu? De que se aproveita a circuncisão? Muito, em todo sentido; primeiramente, porque lhe foi confiada a Torá do Eterno, ou seja, a Lei do Eterno, as Sagradas Escrituras”. Como é evidente, o que o próprio Novo Testamento afirma é que tudo o que seja palavra inspirada do Eterno, lhe foi confiada… a quem? À circuncisão, isto é, ao povo judeu. Então são os judeus os receptores e guardiões e protetores da Palavra do Eterno. Qualquer que afirme que este ou aquele livro é palavra do Eterno, deve saber que são os judeus os receptores de tudo o que seja Palavra do Eterno por decreto divino.

Dr. King: Bem, tento acompanhar o raciocínio. O Sr. afirma que o próprio testemunho do Novo Testamento, é quem define quem tem a autoridade em relação às Escrituras.

Dr. Avraham: Correto. E se alguém perguntar: Onde estava a Igreja Católica quando Rav Sha'ul, um judeu, escreve um testemunho como este? Se a Igreja Católica requer autoridade com base em sua história, onde estava ela quando Paulo disse isto? Mas tenho mais uma evidência. Em Romanos 9:4,5 está documentado: “Que são israelitas, a quem pertence a adoção, a glória, os pactos, a promulgação da Lei divina com suas ordenanças de serviço e as promessas; de quem são os patriarcas e dos quais, biologicamente, veio o Messias…” De novo Rav Sha'ul fala da paternidade da revelação e afirma que é o povo judeu quem o Eterno escolheu como depositário da adoção, da glória, dos pactos e da promulgação da lei divina…”. Dr. King, diante desta evidência, a pergunta que temos que fazer é: Foi a Igreja a quem o Eterno escolheu ou foi a Israel? Quem é a receptora da revelação, dos pactos, das promessas, das Escrituras, a Igreja Católica ou Israel? A resposta é: não é a Igreja Católica, e sim Israel.

Dr. King: Isto soa muito lógico. Não?

Dr. Avraham: Mas ainda tem algo mais: Se isto que diz Paulo está certo que o Eterno confiou aos judeus as Escrituras, os pactos e a promessa, então tudo o que seja Escritura, pertence ao povo judeu. Em outras palavras, se os escritos do Novo Testamento são palavra do Eterno inspirados como a Torá e os Profetas, então pertencem à comunidade de Israel, não à Igreja, porque já foi provado pelo próprio Novo Testamento, que Israel é o depositário, não a Igreja. E se pertencem à Igreja, então não é palavra inspirada do Eterno como a Torá, porque já vimos que tudo o que é palavra inspirada do Eterno, pertence a Israel, o receptor da revelação. E se muda o receptor, se destrói a revelação. Não devemos esquecer disto.

Dr. King: Estou tentando entender seu argumento. Poderia explicar um pouco mais?

Dr. Avraham: Claro. Veja, em Efésios 2:20, Paulo diz: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo a pedra principal angular, o mesmo Yeshua HaMashíach”. O contexto demonstra que Rav Sha'ul (Paulo) está falando para crentes de origem judaica que haviam feito sua conversão oficial ao Elohim de Israel como o único Elohim verdadeiro, que haviam abandonado seus ídolos e costumes pagãos e se esconderam debaixo das asas da Shechinah (Presença Divina). Onde cabem? Onde estão localizados? Num edifício que tem um fundamento. Qual é o fundamento? Os apóstolos e profetas sendo Yeshua como Messias, a pedra principal angular. Consequentemente o que suporta todo o edifício é seu fundamento, ou seja, os ensinamentos dos apóstolos e profetas que estiveram com o Mashíach, todos os quais eram judeus.

Consequentemente, a autoridade dos escritos que formam esta coleção conhecida inapropriadamente como “Novo Testamento”, não vem por outra via além do seu fundamento que sustenta todo o edifício. Sem este fundamento, não há edifício. E o fundamento é judaico, não cristão. A autoridade então, dos escritos agrupados no Código Real, chamado Novo Testamento vem pelo seu autor e não pelo seu destinatário.

Dr. King: Creio que esse é um pensamento que o Sr. deveria repetir, que a autoridade vem pelo autor e não pelo destinatário. Que quer dizer com isso?

Dr. Avraham: Se a Igreja Católica ou Protestante debatem se este sim ou este não, é um problema deles. Para nós, os judeus, se o autor é judeu, debaixo da autoridade de Yeshua ou sob a autoridade direta de um discípulo íntimo de Yeshua, seus escritos têm validade para nós, valor espiritual e legal importante e, portanto, o recebemos e o amamos. Agora temos 27, mas amanhã podem ser 29, tudo depende do que o Eterno tenha nos reservado para o futuro. Que coincida com a lista aceita pela Igreja não nos afeta absolutamente em nada em termos de autoridade, como tampouco se coincide com a lista do incorretamente chamado, Antigo Testamento.

Portanto, a grande pergunta que temos que fazer à Igreja Católica é a seguinte: Vocês aceitam os escritos judeus que foram enviados às comunidades judaicas e conversas do primeiro século para lhes instruir acerca de como devem viver dentro da família de Israel? Se os aceitam, se beneficiam. Se não os aceitam, se prejudicam. Mas a autoridade vem por quem faz a pergunta, não por quem a responde. Este é o argumento que se depreende diretamente do próprio Código Real. Mas mencionamos outro argumento, o que vem da história, o argumento histórico que vem dado em dois aspectos do mesmo assunto.

Dr. King: Que significa argumento histórico, que existem evidências históricas que provam o contrário?

Dr. Avraham: Em certo sentido. Mas quero dizer, especificamente, que vem da própria história. Por exemplo: onde estava a Igreja Católica quando os judeus crentes em Yeshua andavam com Ele e receberam de sua boca seus ditos e ensinamentos que foram logo, segundo foi necessário, preservados em forma escrita? A resposta é muito simples: Em nenhum lugar, não havia Igreja Católica nos dias de Yeshua. Havia somente uma comunidade: Israel, o povo escolhido, receptor da revelação, responsável de velar e cuidar da herança da eleição e redenção do mundo. Por exemplo, a Igreja Católica afirma que quando através da cabeça, o papa, fala de assuntos de fé e moralidade, ela, como receptora das chaves do Reino não mente nem erra, porque é assistida pelo próprio Espírito do Eterno, pelo qual as palavras ex cátedra do bispo de Roma, são infalíveis e sem erros. Afirma-se que esta assistência divina é o que faz com que a Igreja não erre em suas decisões, porque todas vêm diretamente do Céu que deu a ela a autoridade para determinar o que está permitido e o que não está permitido, o que se pode crer e o que não se pode crer.

Dr. King: Em outras palavras, a voz ex cátedra do papa, é a voz mesma do Eterno, inspirado, sem erros, normativo e obrigatório para todos os cristãos e isto é precisamente o que a autoriza para determinar o Índice da Bíblia e do Novo Testamento. Certo?

Dr. Avraham: A pergunta que temos que fazer a Roma é esta: onde estavas tu quando Yeshua apresentava as oferendas no Templo junto a seus pais em Yom Kipur? Onde estavas tu, quando Yeshua comia o cordeiro pascal cada 15 de Aviv com seus pais e irmãos em Jerusalém? Onde estavas tu quando Yeshua estava no Átrio do Templo e quando entrava na Sinagoga cada Shabat para escutar a leitura da Torá e dos Profetas? Onde estavas tu quando Yeshua santificava Shavuot e Chanucá em Jerusalém? Onde está tua “Lista de Conteúdo” desta folha de serviço do nosso Adon Yeshua HaMashíach? Se foi a Igreja a receptora da revelação, onde estava ela para receber a revelação nesses dias?

Dr. King: Mesmo assim, foi a Igreja Católica quem fez o Índice do chamado Novo Testamento. Isso não mostra sua autoridade?

Dr. Avraham: Quem colocou o índice ou lista de conteúdos bíblicos, não o fez por sua própria autoridade, mas pela autoridade que está por trás, o testemunho judaico fundamentado na eleição divina e nos decretos do Altíssimo. Porque somente se quem escreveu é judeu ou um discípulo direto ou sob a supervisão de um judeu íntimo do Maestro, é válido. Em outras palavras, a Igreja Católica não fez outra coisa além de aceitar que o testemunho judaico vindo dos judeus é confiável. Mas o que torna esses escritos confiáveis não é o testemunho da Igreja, e sim a credibilidade do escritor. E os escritores são judeus, ou por nascimento ou por eleição. Yeshua disse: “A salvação vem dos judeus” (João 4:22). O Eterno fez seu Filho nascer dentro do povo judeu.

Dr. King: Então o Sr. diz que a autoridade não está na Igreja.

Dr. Avraham: A autoridade de um livro da Escritura não depende de nenhum homem ou instituição, depende de seu próprio valor procedente da Torá, de Israel e da autoridade de nosso Adon Yeshua e seus emissários íntimos. Se não vem de um emissário íntimo, que por sua vez vem do Mashíach que por sua vez vem da Escritura, sabemos que não é inspirado pelo Eterno.

Dr. King: E isto aplica ao restante da Bíblia também?

Dr. Avraham: Também. Se não vem por um profeta ou um discípulo íntimo de um profeta, que por sua vez vem da Torá dada pelo Eterno a Moisés, sabemos que não é inspirado pelo Eterno. Pode ser um bom livro, magnífico, válido para certas coisas, mas não para fazer parte disso que nosso Adon, Yeshua HaMashíach chamou: “A Torá, os Profetas e os Salmos”.

Dr. King: O que o Sr. está dizendo então é que somente se o livro em questão segue esta linha, é confiável.

Dr. Avraham: Correto, e que assim o possamos aceitar e receber. E nesse processo, a Igreja Católica ou a Protestante não são depositárias nem receptoras, somente beneficiárias, como o restante da humanidade. A depositária da revelação é Israel e, portanto, recai sobre os judeus a responsabilidade de ensiná-la ao mundo. Este não é o caso de um cristão, por exemplo, porque tudo o que um cristão conhece de sua fé vem do próprio Novo Testamento e, portanto, não tem nenhum elemento externo para verificar se seu conteúdo é válido ou inválido.

Dr. King: O que o Sr. insinua é que a única opção de um cristão é confiar na autoridade que a Igreja diz ter, para selecionar quais livros são e quais livros não são.

Dr. Avraham: Correto. Queria detalhar isto, se me permite: Mesmo que um livro seja escrito sem erros, não é suficiente para determinar sua inspiração e infalibilidade divinas. Portanto, o cristão, protestante ou evangélico não tem outra opção além de confiar na Igreja Católica nisto, ainda que inconsistentemente, é claro, rejeite seus ensinamentos, dogmas e doutrinas cristãs.

Dr. King: Isto não se aplica ao judeu também?

Dr. Avraham: Absolutamente não, por uma simples razão: os judeus têm a Torá, têm a palavra profética mais segura e tudo o que seja incompatível com a Torá, não vem do Eterno e não podemos receber como inspirado pelo Eterno. E neste sentido, somente o Eterno tem a autoridade e somente o Eterno conhece com absoluta certeza quais livros são inspirados divinamente e quais não são e esta decisão Ele decidiu comunicar à comunidade de Israel, não a uma pessoa em particular. Fora de Israel, nem o bispo de Roma, nem os concílios cristãos, nem o de Nicéia nem o de Trento nem o Vaticano Segundo, nem os que venham, têm autoridade para determinar o que é inspirado e que não o é.

Dr. King: Há algum critério então pelo qual vocês determinam a legitimidade de algum escrito religioso?

Dr. Avraham: Temos três critérios fundamentais.

Seu autor foi um judeu discípulo de Yeshua o Messias, sob sua autoridade? Se a resposta é positiva, o livro em questão vai se tornando qualificado.

É compatível com os Profetas? Se a resposta é positiva, o livro em questão segue se qualificando.

É compatível com a Torá? Se a resposta é positiva, o livro em questão pode então ser aceito, porque somente dos Profetas e da Torá sabemos com certeza que o Eterno é o autor.

Se faltar um destes três princípios básicos, não se qualificam. Consequentemente, somos judeus crentes em Yeshua como o Profeta anunciado por Moisés (Deuteronômio 18:15), isto é, o Mélech HaMashíach (O Rei Messias). Quando temos em nossas mãos estes escritos conhecidos como Novo Testamento, não estamos recebendo seu Índice da Igreja Católica, e sim de seu conteúdo hebraico que é o fundamento de sua validade como a Torá oral de nosso Mestre, Yeshua HaMashíach, para que saibamos como devemos cumprir a Torá e aplicá-la em nossas comunidades, famílias e vidas pessoais, no caso do judeu.

Dr. King: E se a pessoa não é judia?

Dr. Avraham: Se a pessoa não é judia, estes livros têm a intenção de mostrar como deve viver um convertido sincero (Romanos 11:17) dentro da comunidade de Israel e retendo o testemunho de Yeshua como Mashíach. Não se eu “sinto que o livro fala comigo”, não é se “me faz bem quando estou com problemas” o que determina a inspiração de um livro. Porque se for assim, o Alcorão também seria inspirado pelo que os muçulmanos falam do alivio espiritual que sentem quando o lêem. O que determina a validade vem do simples dito: é compatível com a Torá? Sim ou não? O Alcorão é compatível com a Torá? Não. Portanto, não vem do Elohim de Israel. Esta é a medida para avaliar nossos livros e nossa verdade. Eu não creio no Elohim porque a Igreja Católica o disse, creio em Elohim porque Se revelou pessoalmente a meu povo no Sinai e nos deu Sua Torá e nosso povo tem mantido sempre o testemunho desta revelação. Da mesma maneira, o Novo Testamento. Não é assunto da Igreja, é assunto do nosso povo, de nossos profetas, do nosso Adon Yeshua, o Messias judeu que nos foi prometido na Torá. Se o testemunho que recebo está em harmonia com a Torá e é compatível com a Torá, então é válido e o aceito. Mas sua validade vem de sua fonte, de sua raiz e esta raiz é hebréia, não católica; judaica, não protestante.

Dr. King: E qual é a melhor maneira de entender corretamente as palavras de Jesus e do Novo Testamento em sentido geral?

Dr. Avraham: Através do Código Real, a Versão Textual Hebraica do chamado Novo Testamento, feita através do resultado de investigação arqueológica, histórica, linguística e exegética judaica, seguindo os princípios de interpretação bíblica do Judaísmo e dando ênfase, como se deve dar, ao hebraico da mensagem de Yeshua e de seus Emissários.

Dr. King: O que significa Código Real?

Dr. Avraham: O Código Real, a Versão Textual Hebraica do chamado Novo Testamento, chama-se “Código” porque está escrito em diferentes níveis de interpretação, típico do Judaísmo. E “Real” porque está relacionado com a realeza de Israel, isto é, a Casa de David.

Dr. King: Pode, de alguma maneira o Código Real, ser uma versão que freie o impacto secular que poderia causar o filme anunciado sobre o Código Da Vinci?

Dr. Avraham: Sem dúvida, se alguém deseja conhecer a verdade, a verdade histórica e científica dos ditos e ensinamentos de Yeshua, o melhor que pode fazer é adquirir uma versão do Código Real e ler com a mente e coração abertos, sem prejulgamentos teológicos. Porque aqui se apresenta uma perspectiva correta das palavras de Yeshua e seus emissários, isto é, a perspectiva hebraica, a única válida para estudar um documento judaico do primeiro século.

Dr. King: E onde se pode adquirir?

Dr. Abraham: Visitando a página www.codigoreal.com ou www.amazon.com e buscando por Código Real. Ou em sua livraria favorita.

Dr. King: Dr. Avraham, obrigado por estar conosco. Sem dúvida aprendemos muitas coisas interessantes. Gostaria de fazer outra entrevista, se o Sr. aceitar é claro.

Dr. Avraham: O prazer foi meu. Espero que não somente o Sr., mas todos os que assistiram a este programa, também aprendam, todos vivemos aprendendo, e devemos continuar toda vida aprendendo. A informação correta nos livra da morte, se agimos em consequência com a verdade. Para mim será uma honra estar de novo em seu programa. Estamos a sua disposição.

Dr. King: Senhores, o tempo está esgotado. Foi um prazer conversar com um judeu crente em Yeshua como Messias e ouvir dizer que a autoridade não está nem no Protestantismo nem no Catolicismo, e sim em Israel. Que o próprio Eterno, por decreto celestial, preparou e confiou a Israel tudo o que seja Sua Palavra. Entendi bem Dr. Avraham?

Dr. Avraham: Creio que você é um bom aluno. Obrigado.