A Verdadeira Autoridade
Segunda Parte
TRANSCRITO DE DUAS ENTREVISTAS REALIZADAS NA CALIFORNIA
NO PROGRAMA “DEBATENDO A VERDADE” PELO DR. KING
NO MÊS DE FEVEREIRO DO ANO DE 2006.
(Entrevista concedida pelo Dr. Dan Ben Avraham, professor de Judaísmo e Filosofia Judaica ao Dr. King em seu programa, “Debatendo a verdade”. Taquigrafado pelo departamento de relações públicas).
Dr. King: Boa noite. Como havia prometido, finalmente encontrei um expert de Bíblia judeu que crê em Jesus como o Messias e que assistiu ao programa prévio de televisão onde entrevistamos ao Dr. Piodoche e ao Dr. Martín, representantes da Igreja Católica e Protestante respectivamente. Dr. Avraham, seja bem vindo e obrigado por estar conosco.
Dr. Avraham: Sou eu quem agradece, Dr. King e agradeço a todo este magnífico auditório presente.
Dr. King: Como disse previamente, o Sr. assistiu ao programa prévio. O que achou?
Dr. Avraham: Foi um programa muito bom, muito bem dirigido pelo Sr. e desenvolvido de forma impecável pelas partes. Apesar de o assunto ser difícil e “quente”, ambos se mostraram muito capazes, muito respeitosos e muito bem informados.
Dr. King: Em sua opinião quem ganhou o debate?
Dr. Avraham: É um pouco difícil dizer quem ganhou o debate porque segundo a minha perspectiva ambos estão fora da realidade da autoridade, mas em todo caso, se me situar estritamente dentro dos limites eclesiásticos e teológicos que apresentaram, creio que quem teve razão foi o representante da Igreja Católica, o Dr. Piodoche.
Dr. King: Sobre o que se baseou sua decisão?
Dr. Avraham: As evidências apresentadas. Não houve forma que o Dr. Martín pudesse rebater o fato de que cultural e teologicamente, a Igreja Protestante e Evangélica está unida à Igreja Católica e que depende dela, da sua antiguidade e autoridade.
Dr. King: Então o Sr. concorda que a autoridade para determinar quais livros devem fazer parte da Bíblia e especialmente do Novo Testamento, está na Igreja Católica?
Dr. Avraham: Absolutamente não. Por isso disse que segundo minha perspectiva, ambos estavam fora da autoridade.
Dr. King: O que quer dizer com “estavam fora da autoridade”?
Dr. Avraham: Quero dizer que o assunto da autoridade em termos de recepção e transmissão das Escrituras, nem a Igreja Protestante nem a Igreja Católica tem a autoridade.
Dr. King: Quem tem então?
Dr. Avraham: A evidência que provêm do próprio documento conhecido como Novo Testamento, explica a quem foi dada tal autoridade.
Dr. King: Obviamente quero que me fale sobre isto. Mas antes, foi dito aqui que Israel deixou de ser o povo escolhido por ter rejeitado a Jesus e que esta posição foi preenchida pela Igreja e que se os judeus querem fazer parte dessa posição de novo, têm que se converter ao cristianismo. O que o Sr. me diz? Aceita ou não?
Dr. Avraham: Não, não é necessário converter-se, não creio que Israel deixou de ser o povo escolhido e muito menos que o judeu tenha que se tornar cristão para retomar sua posição de povo escolhido.
Dr. King: Mas o Sr. crê em Jesus como Messias, não?
Dr. Abraham: Eu não creio que este Jesus criado pela Igreja Católica seja o Messias.
Dr. King: Como? Pode explicar?
Dr. Avraham: Claro que sim. Em primeiro lugar não falamos de Jesus que é uma tradução infeliz do nome hebraico do judeu que requereu ser o Messias. Seu verdadeiro nome foi Yehoshua e a abreviação deste nome é Yeshua. Tristemente a tradução do nome não é simplesmente um assunto gramatical, mas também algo mais sério, um assunto de teologia.
Dr. King: Poderia explicar, por favor?
Dr. Avraham: Claro que sim, com muito prazer. Yeshua foi um judeu que viveu dentro da comunidade judaica de Israel entre os primeiros 30 anos da era atual. Em seus dias, o Templo de Jerusalém estava de pé com todos os sacerdotes e levitas oficiando os sacrifícios diários estabelecidos pelo Eterno ao nosso povo.
Como judeu que foi, enquanto era criança, subia com seus pais todos os anos para as três festas anuais que todo judeu está obrigado a santificar em Jerusalém. Nas outras podia faltar, mas nestas três não. Estas festas eram: Pessach (Páscoa) Shavuot (Pentecostes) e Sucot (Tabernáculos). Como é evidente, o mundo de Yeshua foi o mundo judaico: a lei de Moisés, o Templo, os sacerdotes, os levitas, os juízes de Israel, os mestres e as diferentes escolas de pensamento hebraico de seus dias: fariseus, saduceus, essênios, sicários, zelotes, etc.
Dr. King: O que o Sr. está dizendo é que Jesus, ou seja, Yeshua não foi cristão.
Dr. Avraham: O Sr. Mesmo disse. Yeshua não foi cristão, não havia cristianismo em seus dias. Somente judaísmo. Portanto, as palavras de Yeshua, têm que ser entendidas à luz do Judaísmo, não do Cristianismo que veio depois, uns 300 anos mais tarde.
Dr. King: Então o Sr. afirma que o Cristianismo é um fato religioso posterior a Yeshua.
Dr. Avraham: Correto. Não somente posterior a Yeshua historicamente falando, mas que não representa o ensinamento real de Yeshua, nem de seus ditos nem de sua vida.
Dr. King: Por que não os representa?
Dr. Avraham: Porque suas palavras foram interpretadas à luz do helenismo greco-romano, não à luz do Judaísmo.
Dr. King: O que o Sr. quer dizer é que a interpretação que fez o Cristianismo de Jesus, quero dizer, Yeshua, é muito diferente da interpretação judaica?
Dr. Avraham: Isto é o que quero dizer. A Igreja surge num contexto diferente ao de Yeshua. Ela existe fora de Israel, em meio à comunidade gentia, imperial e pagã. Não dentro do judaísmo. Então a missão mais importante da Igreja foi como ganhar os pagãos para a nova fé. E com o objetivo de tornar tal esforço mais sofrível e conhecido, agregaram os ditos e ensinamentos de Yeshua, que eram judeus, à linguagem e cultura dos pagãos. O resultado foi a distorção da mensagem judaica a respeito do Messias judeu.
Dr. King: Então o que conhecemos hoje como a mensagem cristã não necessariamente foi a mensagem original de Jesus, ou seja, de Yeshua.
Dr. Avraham: Correto. Sus palavras foram entendidas e explicadas à luz da filosofia helenista e do paganismo, não à luz do Judaísmo. E o resultado deste feito foi o surgimento da Igreja Cristã, ou seja, o Cristianismo Católico tem muito pouco de sua essência original, ainda que guarde muitas de suas formas externas, mas fundamentadas em dois fatos chaves: transferência seletiva e substituição absoluta.
Dr. King: O que significa, Dr. Avraham, o que o Sr. chama transferência seletiva e substituição absoluta?
Dr. Avraham: Significa que a Igreja Católica, fundamentada em uma série de ensinamentos que já vinham sendo dados por alguns líderes cristãos, obviamente não-judeus, a partir do segundo século, como por exemplo, Inácio de Antioquia, quem afirmou que Israel havia deixado de ser o povo escolhido e substituído pelos cristãos, desenvolve uma teologia de substituição, ou seja, ela é agora um novo Israel, o novo povo do Eterno, os judeus foram rejeitados e substituídos pelos cristãos e fora isso, uma teologia de transferência seletiva, ou seja, as bênçãos que inicialmente haviam sido dadas para Israel, agora são passadas ou transferidas para a Igreja, mas as maldições são creditadas aos judeus rejeitados pelo Eterno. (Ler Efésios 2:11-22 e Romanos 11:17-20)
Dr. King: Em outras palavras, o bom para cá e o mau para lá…
Dr. Avraham: Exatamente. Isto sucedeu e o resultado é a criação de uma entidade religiosa completamente separada e divorciada de sua matriz judaica e em ocasiões, não somente separada e divorciada, mas sua pior inimiga. Creio que ninguém duvida da grande inimizade que causou o Cristianismo Católico a tudo o que fosse judaico, as perseguições, as cruzadas, a inquisição e finalmente o holocausto nazista. Tristemente, tudo isso em nome da fé cristã e em nome de Jesus.
Dr. King: E como pôde acontecer isto? Não deveria haver um sentido de gratidão ao povo judeu por parte da Igreja?
Dr. Avraham: As coisas não aconteceram de um dia para outro. Foi um processo que levou anos, séculos. E tudo começa quando os postulados básicos do Judaísmo são ignorados para se tornarem acessíveis aos pagãos, para evitar a censura romana, que era o império naqueles dias e que estava em guerra contra os judeus, são eliminadas todas as práticas e princípios judaicos que inicialmente desfrutaram os crentes em Yeshua, o calendário é alterado para não conter nada judaico nele, as datas bíblicas são substituídas por datas de celebração pagã e os judeus são acusados de serem os culpados da morte de Cristo. Isto foi criando uma separação, um ódio ao povo judeu que se transforma em um movimento antissemita de proporções mundiais até nossos dias. Este processo foi o que eventualmente, com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo por razões políticas, não religiosas, ou seja, para usar o cristianismo como ferramenta política, criou as condições para o Santo Império Romano, ou seja, o Cristianismo se transforma na religião oficial do Estado com um objetivo: criar um governo mundial que domine o mundo inteiro, pois assim pensaram que seria o domínio de Cristo na terra.
Dr. King: Então o cristianismo não existiu no primeiro século... É isto que o Sr. quer dizer?
Dr. Avraham: O cristianismo não tem nada a ver com o movimento de crentes não-judeus do primeiro século. O cristão de Antioquia nos dias de Paulo, não tem nada a ver com o cristão de Roma três séculos mais tarde. São duas coisas completamente diferentes, em perspectiva, estado, doutrina e cultura. Como do dia para a noite. Tristemente, o Cristianismo formado assim, ou seja, a Igreja Católica ou universal veio a ser a antítese do movimento cristão do primeiro século.
Dr. King: O Sr. tem dito coisas extremamente importantes aqui que nos dão muita luz para entender certas coisas que em minha mente, por exemplo, não podia entender. Eu não podia entender como o cristianismo pôde ser anti-judaico e antissemita. Creio que agora percebo porquê. Isto é revelação para mim. Mas tenho uma pergunta: Foi para esta Igreja Católica e antissemita como o Sr. tem afirmado, que se revelou o Novo Testamento? Porque se é assim, como poderemos confiar nestes documentos? São confiáveis os documentos que a Igreja declara como seus e que tem dado ao mundo como palavra segura e inspirada de Yeshua e seus apóstolos? Em outras palavras, o Sr. recomenda, como judeu, o Novo Testamento editado pela Igreja Católica? Gostaríamos de escutar sua opinião.
Dr. Avraham: A fidelidade do Eterno supera as debilidades do homem. E a maldade do homem não anula a fidelidade do Eterno, nem Sua Palavra. Isto é certo no que se refere às Escrituras Hebraicas, à Bíblia Hebraica e é certo no que se refere a qualquer outra verdade que o Eterno tenha desejado preservar para o homem. Nesta ampla realidade da fidelidade do Eterno, aceitamos que o documento conhecido como Novo Testamento contem uma riqueza e uma herança magnífica dos ensinamentos originais de Yeshua, nosso Adon (Senhor), nosso Messias e assim como de seus discípulos originários.
Dr. King: O Sr. diz “contem”. Significa que nem tudo está ali?
Dr. Avraham: Exatamente, nem tudo está ali. De fato o próprio testemunho interno deste documento conhecido como Novo Testamento, ao qual chamamos Código Real, revela que as palavras e feitos de Yeshua superam excessivamente o que foi escrito dele. Um de seus discípulos, por exemplo, afirmou que se fossem escrever uma por uma, não caberiam no mundo os livros que teriam que ser escritos. João 21:25.
Dr. King: E onde estão estes livros?
Dr. Avraham: Esta coleção de livros que conhecemos como Novo Testamento não se formou de um dia para outro. Nem os próprios discípulos de Yeshua tiveram idéia, talvez de que se editariam todos juntos e formariam um livro. Nem entraram num acordo com outros para fazer isso. Cada qual escreveu de acordo com a situação particular em que se encontrava e suprindo as necessidades específicas das comunidades de crentes que haviam se formado. Entretanto, como regra geral, os próprios apóstolos tinham conhecimento dessas cartas e as valorizavam. Ao menos isto é o que nos indica o Apóstolo Kefa (Pedro), por exemplo, em uma de suas cartas, em relação aos escritos do Apóstolo Paulo. Por isso existem cartas endereçadas à indivíduos em particular e à comunidades em particular para resolver problemas particulares daqueles dias. Por outro lado, é impossível crer que tendo Yeshua tantos discípulos, somente dois ou três escreveram suas memórias e seus ditos. E é impossível crer que sendo tantas as comunidades surgidas por onde queira, tanto judaicas como gentílicas, outras cartas e documentos semelhantes aos que agora temos, não fossem escritos. A arqueologia tem um grande trabalho adiante e grandes surpresas nos esperam.
Por outro lado, sabemos que muitos documentos hebraicos antigos foram queimados pela Igreja em lugares públicos. Muitos desses documentos em hebraico eram cópias de outros documentos em hebraico escritos pelos apóstolos. Talvez tenham se perdido para sempre. Além do mais, quando a Igreja selecionava este ou aquele documento como válido, os que tinham outros rolos não aceitos ou não reconhecidos pela Igreja, ou que não foram mencionadas pela Igreja em seus concílios, os escondiam e possivelmente apareçam em qualquer momento. Talvez não, talvez tenhamos perdido. Seria uma grande perda, certamente. Minha esperança é que muitos destes documentos apareçam.
Dr. King: O Sr. mencionou algo interessante, que foi a Igreja, mediante seus concílios quem editou o Novo Testamento como o conhecemos agora.
Dr. Avraham: Certo. Foi a Igreja Católica quem editou o Novo Testamento como o conhecemos hoje em dia. Não talvez porque quis, mas porque foi obrigada, em certo sentido, a fazer isto.
Dr. King: Como “foi obrigada a fazer isto”?
Dr. Avraham: Quando morrem os apóstolos e a geração de seus discípulos e começa o segundo século, existem fatores políticos que não podemos perder de vista que influenciam em fatos que vão ocupando lugar dentro das fronteiras do império romano e além de seus limites. Uma grande guerra havia terminado no ano de 73, na qual Roma saiu ganhando militarmente. Muitos judeus morrem, outros são perseguidos, expulsos de sua terra e têm que ir ao exílio e muitos deles vivendo clandestinamente para salvar suas vidas. Um movimento de resistência judaica surge e Roma sabe disto. De fato, a guerra explode de novo em 132 com grandes baixas romanas e a conquista de Jerusalém pelos judeus daquela geração.
Uns anos depois, os romanos ganham finalmente a guerra e outra vez os judeus têm que se esconder entre as nações e dispersar-se entre os povos. Isto foi assim até recentemente quando se cria em nossos dias o moderno Estado de Israel. A principio, os crentes, isto é, seguidores de Yeshua não-judeus, são perseguidos também por Roma, porque pensavam que se tinham tornado judeus devido à similaridade de suas práticas e crenças judaicas.
Dr. King: Quer dizer que no princípio não havia separação entre a sinagoga e a igreja?
Dr. Avraham: No princípio não havia, pois se fixaram as pautas da maneira como deveriam viver os gentios que se convertiam ao Elohim de Israel, que não tinham que se tornar judeus ou viver como judeus necessariamente. Os crentes não-judeus, seguidores de Yeshua, foram aceitos nas comunidades judaicas nazarenas e havia paz entre ambos os grupos. Obviamente sempre existem problemas e queixas, onde há gente há dificuldades, mas doutrinalmente e socialmente não havia separação. Quando os judeus são perseguidos por Roma, os crentes em Yeshua, que não eram judeus, foram perseguidos por Roma.
Dr. King: Porque Roma pensava que se haviam tornado judeus.
Dr. Abraham: Correto. Então, para evitar a perseguição romana, os crentes em Yeshua, não-judeus, tentam demonstrar às autoridades imperiais, que eles não são judeus nem têm ligação com o Judaísmo. Para provar isto, mudam seu culto, seu dia de adoração passa do sétimo (Shabat) para o primeiro (Domingo), ordenado por Roma, mudam as festas bíblicas e as substituem pelas festas religiosas pagãs do império, mas agora cristianizadas e desta maneira, o cristianismo distancia suas tendas de Jerusalém e as levanta cada vez mais perto de Roma. O apoio cristão posterior ao império e a cristianização oficial do mesmo, como expliquei antes, culminam esse processo até a primeira metade do século quarto da era atual.
Entretanto, dentro do próprio cristianismo, havia diferentes perspectivas, diferentes posições, divisões, rivalidades etc. Um dos lideres cristãos do século segundo, chamado Márcion, filósofo grego e expert em religião do estado romano para a época, filho de um líder cristão reconhecido, se muda para Roma e estabelece uma escola de pensamento cristão com idéias helenistas e filosóficas, especialmente de cunho gnóstico.
Márcion, foi o primeiro homem que se atreveu a chamar de “Antigo Testamento” a Bíblia hebraica (o Tanach, que contem os 5 livros da Lei dada pelo Eterno a seu povo, através de Moisés, mais os Profetas e Escritos). O chamou Antigo Testamento porque pensava que seu conteúdo já não tinha aplicação para os crentes em Jesus (Yeshua, o Messias), e que havia sido substituído pelo Novo Testamento. Disse que era um livro antigo e que pertencia somente aos judeus e que carecia de valor para os cristãos. Márcion ensinou que no Antigo Testamento (o Tanach) não havia Graça e que a Graça aparece pela primeira vez no Novo Testamento (Código Real). A divisão que hoje temos em nossas Bíblias do Tanach e Código Real, mal-conhecidos como Antigo e Novo Testamento, existe por causa desse homem, Márcion.
Segundo seus ensinamentos, o Elohim do “Antigo Testamento” era um Elohim de juízo e condenação, mas o Elohim do “Novo Testamento” é um Elohim de Graça e amor. Ainda que alguns líderes da Igreja Católica declarem Márcion um herege, a rejeição das Escrituras que ele difundiu criou raízes e prosperou escabrosamente.
Este homem chamado Márcion deu uma lista dos livros que ele considerava que deveriam ser recebidos pelos cristãos como autênticos. E essa lista dada por Márcion para seu movimento, o “Marcionismo”, criou uma revolução dentro do movimento cristão.
Dr. King: E que livros ou documentos estavam nesta lista de Márcion?
Dr. Avraham: Ainda não existia o chamado Novo Testamento. Existiam cópias de cartas e de evangelhos que circulavam entre as comunidades e algumas eram muito conhecidas por todo o mundo. Mas não havia algo como “Novo Testamento”. Quando Márcion publica sua lista, inclui 10 cartas de Paulo e o evangelho de Lucas, o companheiro e discípulo de Paulo. Isso criou um cisma no cristianismo, como era de se esperar e ele fez com que os líderes cristãos se unissem para decidir o que fazer com Márcion. Excomungaram Márcion, o declararam herege, circularam o aviso entre as comunidades e deram a conhecer uma lista de livros que todos os cristãos podiam ter como confiáveis. Havia muitos documentos circulando e cópias de documentos. Em total apareceram uns 5.000 manuscritos, em grego, destes escritos. Como podemos imaginar, selecionar entre 5.000 manuscritos, alguns dos quais somente contêm umas linhas, é uma tarefa muito difícil. Além do mais, existem citações antigas de ensinamentos e expressões de Yeshua que não aparecem sequer nos manuscritos gregos, e isso indica que houve outra fonte antiga, possivelmente hebraica, da qual se traduziu para o grego.
Dr. King: Em que idioma falou Yeshua?
Dr. Avraham: Seguramente não dava seus discursos e ensinamentos em grego nem em latim. Antes acreditávamos que o aramaico era a língua materna entre os judeus em Israel, agora sabemos pela arqueologia e os descobrimentos dos rolos do mar morto que era o hebraico, mesmo havendo expressões aramaicas, inclusive gregas, que foram adotadas na linguagem cotidiana. Portanto, podemos ter quase certeza que Yeshua falou em hebraico, logo seus ensinamentos se traduziram para outras línguas, através do grego, a linguagem internacional daqueles dias.
Dr. King: Realmente estou me deleitando com toda esta informação e espero que nosso auditório também. Entretanto, há um assunto crucial nisso tudo. O Sr. é judeu e crente em Yeshua, como o Sr. disse, como o Messias prometido a Israel. Certo?
Dr. Avraham: Certo.
Dr. King: Em um programa prévio tivemos aqui dois bons amigos, o Dr. Piodoche e o Dr. Martín, católico e protestante, respectivamente. E foi debatido o assunto de quem tem a autoridade para determinar o conteúdo da fé cristã e, sobretudo quem tem a autoridade para estabelecer quais livros devem ser considerados inspirados e quais livros não, ao que se refere à Bíblia, mas especialmente o Novo Testamento. O Dr. Piodoche afirmava que somente a Igreja Católica tem essa autoridade. Mas o Dr. Martín, afirmava que a Bíblia em si é sua própria autoridade. Em resposta, o Dr. Piodoche estabeleceu que se não fosse pela Igreja Católica, os protestantes e evangélicos não teriam o Novo Testamento e que, portanto, eles deviam gratidão e sujeição à Igreja Católica, porque somente ela tem demonstrado historicamente, ser a receptora da revelação de Jesus como o Messias e do Novo Testamento como escritura inspirada e válida para todos os cristãos.
Dr. King: Vocês, os judeus crentes em Jesus como o Messias, quero dizer, Yeshua, estão sujeitos também à autoridade da Igreja Católica ao que se refere a ela ser a receptora da revelação do Novo Testamento e quem tem definido os livros que devem fazer parte do mesmo? Dr. Avraham, queremos ouvir sua resposta.
Dr. Avraham: Para responder esta pergunta, usarei dois argumentos:
Primeiro, o argumento interno do próprio Novo Testamento. Segundo, o argumento histórico. Vamos ao primeiro, o argumento que encontramos no próprio Novo Testamento.
Primeiro: 1ª Timóteo 3:16 afirma: “Toda a Escritura é inspirada pelo Eterno…” Quem escreve isto? Um católico ou um judeu? Um judeu. Portanto, é um judeu quem está dando testemunho e dizendo que “Toda a Escritura é inspirada pelo Eterno”.
Segundo: Quando diz “toda a Escritura”, a que se referia? Ao Novo Testamento ou à Bíblia Hebraica? Não ao Novo Testamento! Não existia algo como o Novo Testamento. Portanto, é a Bíblia Hebraica. Assim, o próprio testemunho do documento que a Igreja Católica chamou Novo Testamento, afirma que a Escritura Inspirada é a Bíblia Hebraica, portanto, o Novo Testamento fica de fora desta declaração porque não existia, o único que existia era a Bíblia Hebraica: A Lei do Eterno dada por meio de Moisés, os Profetas e os Salmos (Tanach).
Dr. King: Então o Sr. não considera o Novo Testamento como inspirado?
Dr. Avraham: Não disse isso. Eu disse que no momento em que Paulo afirma que “toda a Escritura é inspirada pelo Eterno”, ele não tinha em mente algo como o Novo Testamento, porque não existia o Novo Testamento. Somente existia a Bíblia Hebraica. Em outras palavras, quando Paulo visitava as comunidades judaicas do primeiro século, não ia levando consigo o evangelho de Mateus, o de Marcos, o de João u a Carta de Pedro, nem o Apocalipse. Essas escrituras vieram depois, se formaram depois. Historicamente então, historicamente falando, a Escritura Inspirada de que Paulo falou era a Bíblia Hebraica (A Torá ou Lei dada pelo Eterno através de Moisés, os Profetas, Salmos).
E tem mais, no Novo Testamento, em Romanos 3:1,2 diz o seguinte: “Que vantagem tem o judeu? De que se aproveita a circuncisão? Muito, em todo sentido; primeiramente, porque lhe foi confiada a Torá do Eterno, ou seja, a Lei do Eterno, as Sagradas Escrituras”. Como é evidente, o que o próprio Novo Testamento afirma é que tudo o que seja palavra inspirada do Eterno, lhe foi confiada… a quem? À circuncisão, isto é, ao povo judeu. Então são os judeus os receptores e guardiões e protetores da Palavra do Eterno. Qualquer que afirme que este ou aquele livro é palavra do Eterno, deve saber que são os judeus os receptores de tudo o que seja Palavra do Eterno por decreto divino.
Dr. King: Bem, tento acompanhar o raciocínio. O Sr. afirma que o próprio testemunho do Novo Testamento, é quem define quem tem a autoridade em relação às Escrituras.
Dr. Avraham: Correto. E se alguém perguntar: Onde estava a Igreja Católica quando Rav Sha'ul, um judeu, escreve um testemunho como este? Se a Igreja Católica requer autoridade com base em sua história, onde estava ela quando Paulo disse isto? Mas tenho mais uma evidência. Em Romanos 9:4,5 está documentado: “Que são israelitas, a quem pertence a adoção, a glória, os pactos, a promulgação da Lei divina com suas ordenanças de serviço e as promessas; de quem são os patriarcas e dos quais, biologicamente, veio o Messias…” De novo Rav Sha'ul fala da paternidade da revelação e afirma que é o povo judeu quem o Eterno escolheu como depositário da adoção, da glória, dos pactos e da promulgação da lei divina…”. Dr. King, diante desta evidência, a pergunta que temos que fazer é: Foi a Igreja a quem o Eterno escolheu ou foi a Israel? Quem é a receptora da revelação, dos pactos, das promessas, das Escrituras, a Igreja Católica ou Israel? A resposta é: não é a Igreja Católica, e sim Israel.
Dr. King: Isto soa muito lógico. Não?
Dr. Avraham: Mas ainda tem algo mais: Se isto que diz Paulo está certo que o Eterno confiou aos judeus as Escrituras, os pactos e a promessa, então tudo o que seja Escritura, pertence ao povo judeu. Em outras palavras, se os escritos do Novo Testamento são palavra do Eterno inspirados como a Torá e os Profetas, então pertencem à comunidade de Israel, não à Igreja, porque já foi provado pelo próprio Novo Testamento, que Israel é o depositário, não a Igreja. E se pertencem à Igreja, então não é palavra inspirada do Eterno como a Torá, porque já vimos que tudo o que é palavra inspirada do Eterno, pertence a Israel, o receptor da revelação. E se muda o receptor, se destrói a revelação. Não devemos esquecer disto.
Dr. King: Estou tentando entender seu argumento. Poderia explicar um pouco mais?
Dr. Avraham: Claro. Veja, em Efésios 2:20, Paulo diz: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo a pedra principal angular, o mesmo Yeshua HaMashíach”. O contexto demonstra que Rav Sha'ul (Paulo) está falando para crentes de origem judaica que haviam feito sua conversão oficial ao Elohim de Israel como o único Elohim verdadeiro, que haviam abandonado seus ídolos e costumes pagãos e se esconderam debaixo das asas da Shechinah (Presença Divina). Onde cabem? Onde estão localizados? Num edifício que tem um fundamento. Qual é o fundamento? Os apóstolos e profetas sendo Yeshua como Messias, a pedra principal angular. Consequentemente o que suporta todo o edifício é seu fundamento, ou seja, os ensinamentos dos apóstolos e profetas que estiveram com o Mashíach, todos os quais eram judeus.
Consequentemente, a autoridade dos escritos que formam esta coleção conhecida inapropriadamente como “Novo Testamento”, não vem por outra via além do seu fundamento que sustenta todo o edifício. Sem este fundamento, não há edifício. E o fundamento é judaico, não cristão. A autoridade então, dos escritos agrupados no Código Real, chamado Novo Testamento vem pelo seu autor e não pelo seu destinatário.
Dr. King: Creio que esse é um pensamento que o Sr. deveria repetir, que a autoridade vem pelo autor e não pelo destinatário. Que quer dizer com isso?
Dr. Avraham: Se a Igreja Católica ou Protestante debatem se este sim ou este não, é um problema deles. Para nós, os judeus, se o autor é judeu, debaixo da autoridade de Yeshua ou sob a autoridade direta de um discípulo íntimo de Yeshua, seus escritos têm validade para nós, valor espiritual e legal importante e, portanto, o recebemos e o amamos. Agora temos 27, mas amanhã podem ser 29, tudo depende do que o Eterno tenha nos reservado para o futuro. Que coincida com a lista aceita pela Igreja não nos afeta absolutamente em nada em termos de autoridade, como tampouco se coincide com a lista do incorretamente chamado, Antigo Testamento.
Portanto, a grande pergunta que temos que fazer à Igreja Católica é a seguinte: Vocês aceitam os escritos judeus que foram enviados às comunidades judaicas e conversas do primeiro século para lhes instruir acerca de como devem viver dentro da família de Israel? Se os aceitam, se beneficiam. Se não os aceitam, se prejudicam. Mas a autoridade vem por quem faz a pergunta, não por quem a responde. Este é o argumento que se depreende diretamente do próprio Código Real. Mas mencionamos outro argumento, o que vem da história, o argumento histórico que vem dado em dois aspectos do mesmo assunto.
Dr. King: Que significa argumento histórico, que existem evidências históricas que provam o contrário?
Dr. Avraham: Em certo sentido. Mas quero dizer, especificamente, que vem da própria história. Por exemplo: onde estava a Igreja Católica quando os judeus crentes em Yeshua andavam com Ele e receberam de sua boca seus ditos e ensinamentos que foram logo, segundo foi necessário, preservados em forma escrita? A resposta é muito simples: Em nenhum lugar, não havia Igreja Católica nos dias de Yeshua. Havia somente uma comunidade: Israel, o povo escolhido, receptor da revelação, responsável de velar e cuidar da herança da eleição e redenção do mundo. Por exemplo, a Igreja Católica afirma que quando através da cabeça, o papa, fala de assuntos de fé e moralidade, ela, como receptora das chaves do Reino não mente nem erra, porque é assistida pelo próprio Espírito do Eterno, pelo qual as palavras ex cátedra do bispo de Roma, são infalíveis e sem erros. Afirma-se que esta assistência divina é o que faz com que a Igreja não erre em suas decisões, porque todas vêm diretamente do Céu que deu a ela a autoridade para determinar o que está permitido e o que não está permitido, o que se pode crer e o que não se pode crer.
Dr. King: Em outras palavras, a voz ex cátedra do papa, é a voz mesma do Eterno, inspirado, sem erros, normativo e obrigatório para todos os cristãos e isto é precisamente o que a autoriza para determinar o Índice da Bíblia e do Novo Testamento. Certo?
Dr. Avraham: A pergunta que temos que fazer a Roma é esta: onde estavas tu quando Yeshua apresentava as oferendas no Templo junto a seus pais em Yom Kipur? Onde estavas tu, quando Yeshua comia o cordeiro pascal cada 15 de Aviv com seus pais e irmãos em Jerusalém? Onde estavas tu quando Yeshua estava no Átrio do Templo e quando entrava na Sinagoga cada Shabat para escutar a leitura da Torá e dos Profetas? Onde estavas tu quando Yeshua santificava Shavuot e Chanucá em Jerusalém? Onde está tua “Lista de Conteúdo” desta folha de serviço do nosso Adon Yeshua HaMashíach? Se foi a Igreja a receptora da revelação, onde estava ela para receber a revelação nesses dias?
Dr. King: Mesmo assim, foi a Igreja Católica quem fez o Índice do chamado Novo Testamento. Isso não mostra sua autoridade?
Dr. Avraham: Quem colocou o índice ou lista de conteúdos bíblicos, não o fez por sua própria autoridade, mas pela autoridade que está por trás, o testemunho judaico fundamentado na eleição divina e nos decretos do Altíssimo. Porque somente se quem escreveu é judeu ou um discípulo direto ou sob a supervisão de um judeu íntimo do Maestro, é válido. Em outras palavras, a Igreja Católica não fez outra coisa além de aceitar que o testemunho judaico vindo dos judeus é confiável. Mas o que torna esses escritos confiáveis não é o testemunho da Igreja, e sim a credibilidade do escritor. E os escritores são judeus, ou por nascimento ou por eleição. Yeshua disse: “A salvação vem dos judeus” (João 4:22). O Eterno fez seu Filho nascer dentro do povo judeu.
Dr. King: Então o Sr. diz que a autoridade não está na Igreja.
Dr. Avraham: A autoridade de um livro da Escritura não depende de nenhum homem ou instituição, depende de seu próprio valor procedente da Torá, de Israel e da autoridade de nosso Adon Yeshua e seus emissários íntimos. Se não vem de um emissário íntimo, que por sua vez vem do Mashíach que por sua vez vem da Escritura, sabemos que não é inspirado pelo Eterno.
Dr. King: E isto aplica ao restante da Bíblia também?
Dr. Avraham: Também. Se não vem por um profeta ou um discípulo íntimo de um profeta, que por sua vez vem da Torá dada pelo Eterno a Moisés, sabemos que não é inspirado pelo Eterno. Pode ser um bom livro, magnífico, válido para certas coisas, mas não para fazer parte disso que nosso Adon, Yeshua HaMashíach chamou: “A Torá, os Profetas e os Salmos”.
Dr. King: O que o Sr. está dizendo então é que somente se o livro em questão segue esta linha, é confiável.
Dr. Avraham: Correto, e que assim o possamos aceitar e receber. E nesse processo, a Igreja Católica ou a Protestante não são depositárias nem receptoras, somente beneficiárias, como o restante da humanidade. A depositária da revelação é Israel e, portanto, recai sobre os judeus a responsabilidade de ensiná-la ao mundo. Este não é o caso de um cristão, por exemplo, porque tudo o que um cristão conhece de sua fé vem do próprio Novo Testamento e, portanto, não tem nenhum elemento externo para verificar se seu conteúdo é válido ou inválido.
Dr. King: O que o Sr. insinua é que a única opção de um cristão é confiar na autoridade que a Igreja diz ter, para selecionar quais livros são e quais livros não são.
Dr. Avraham: Correto. Queria detalhar isto, se me permite: Mesmo que um livro seja escrito sem erros, não é suficiente para determinar sua inspiração e infalibilidade divinas. Portanto, o cristão, protestante ou evangélico não tem outra opção além de confiar na Igreja Católica nisto, ainda que inconsistentemente, é claro, rejeite seus ensinamentos, dogmas e doutrinas cristãs.
Dr. King: Isto não se aplica ao judeu também?
Dr. Avraham: Absolutamente não, por uma simples razão: os judeus têm a Torá, têm a palavra profética mais segura e tudo o que seja incompatível com a Torá, não vem do Eterno e não podemos receber como inspirado pelo Eterno. E neste sentido, somente o Eterno tem a autoridade e somente o Eterno conhece com absoluta certeza quais livros são inspirados divinamente e quais não são e esta decisão Ele decidiu comunicar à comunidade de Israel, não a uma pessoa em particular. Fora de Israel, nem o bispo de Roma, nem os concílios cristãos, nem o de Nicéia nem o de Trento nem o Vaticano Segundo, nem os que venham, têm autoridade para determinar o que é inspirado e que não o é.
Dr. King: Há algum critério então pelo qual vocês determinam a legitimidade de algum escrito religioso?
Dr. Avraham: Temos três critérios fundamentais.
Seu autor foi um judeu discípulo de Yeshua o Messias, sob sua autoridade? Se a resposta é positiva, o livro em questão vai se tornando qualificado.
É compatível com os Profetas? Se a resposta é positiva, o livro em questão segue se qualificando.
É compatível com a Torá? Se a resposta é positiva, o livro em questão pode então ser aceito, porque somente dos Profetas e da Torá sabemos com certeza que o Eterno é o autor.
Se faltar um destes três princípios básicos, não se qualificam. Consequentemente, somos judeus crentes em Yeshua como o Profeta anunciado por Moisés (Deuteronômio 18:15), isto é, o Mélech HaMashíach (O Rei Messias). Quando temos em nossas mãos estes escritos conhecidos como Novo Testamento, não estamos recebendo seu Índice da Igreja Católica, e sim de seu conteúdo hebraico que é o fundamento de sua validade como a Torá oral de nosso Mestre, Yeshua HaMashíach, para que saibamos como devemos cumprir a Torá e aplicá-la em nossas comunidades, famílias e vidas pessoais, no caso do judeu.
Dr. King: E se a pessoa não é judia?
Dr. Avraham: Se a pessoa não é judia, estes livros têm a intenção de mostrar como deve viver um convertido sincero (Romanos 11:17) dentro da comunidade de Israel e retendo o testemunho de Yeshua como Mashíach. Não se eu “sinto que o livro fala comigo”, não é se “me faz bem quando estou com problemas” o que determina a inspiração de um livro. Porque se for assim, o Alcorão também seria inspirado pelo que os muçulmanos falam do alivio espiritual que sentem quando o lêem. O que determina a validade vem do simples dito: é compatível com a Torá? Sim ou não? O Alcorão é compatível com a Torá? Não. Portanto, não vem do Elohim de Israel. Esta é a medida para avaliar nossos livros e nossa verdade. Eu não creio no Elohim porque a Igreja Católica o disse, creio em Elohim porque Se revelou pessoalmente a meu povo no Sinai e nos deu Sua Torá e nosso povo tem mantido sempre o testemunho desta revelação. Da mesma maneira, o Novo Testamento. Não é assunto da Igreja, é assunto do nosso povo, de nossos profetas, do nosso Adon Yeshua, o Messias judeu que nos foi prometido na Torá. Se o testemunho que recebo está em harmonia com a Torá e é compatível com a Torá, então é válido e o aceito. Mas sua validade vem de sua fonte, de sua raiz e esta raiz é hebréia, não católica; judaica, não protestante.
Dr. King: E qual é a melhor maneira de entender corretamente as palavras de Jesus e do Novo Testamento em sentido geral?
Dr. Avraham: Através do Código Real, a Versão Textual Hebraica do chamado Novo Testamento, feita através do resultado de investigação arqueológica, histórica, linguística e exegética judaica, seguindo os princípios de interpretação bíblica do Judaísmo e dando ênfase, como se deve dar, ao hebraico da mensagem de Yeshua e de seus Emissários.
Dr. King: O que significa Código Real?
Dr. Avraham: O Código Real, a Versão Textual Hebraica do chamado Novo Testamento, chama-se “Código” porque está escrito em diferentes níveis de interpretação, típico do Judaísmo. E “Real” porque está relacionado com a realeza de Israel, isto é, a Casa de David.
Dr. King: Pode, de alguma maneira o Código Real, ser uma versão que freie o impacto secular que poderia causar o filme anunciado sobre o Código Da Vinci?
Dr. Avraham: Sem dúvida, se alguém deseja conhecer a verdade, a verdade histórica e científica dos ditos e ensinamentos de Yeshua, o melhor que pode fazer é adquirir uma versão do Código Real e ler com a mente e coração abertos, sem prejulgamentos teológicos. Porque aqui se apresenta uma perspectiva correta das palavras de Yeshua e seus emissários, isto é, a perspectiva hebraica, a única válida para estudar um documento judaico do primeiro século.
Dr. King: E onde se pode adquirir?
Dr. Abraham: Visitando a página www.codigoreal.com ou www.amazon.com e buscando por Código Real. Ou em sua livraria favorita.
Dr. King: Dr. Avraham, obrigado por estar conosco. Sem dúvida aprendemos muitas coisas interessantes. Gostaria de fazer outra entrevista, se o Sr. aceitar é claro.
Dr. Avraham: O prazer foi meu. Espero que não somente o Sr., mas todos os que assistiram a este programa, também aprendam, todos vivemos aprendendo, e devemos continuar toda vida aprendendo. A informação correta nos livra da morte, se agimos em consequência com a verdade. Para mim será uma honra estar de novo em seu programa. Estamos a sua disposição.
Dr. King: Senhores, o tempo está esgotado. Foi um prazer conversar com um judeu crente em Yeshua como Messias e ouvir dizer que a autoridade não está nem no Protestantismo nem no Catolicismo, e sim em Israel. Que o próprio Eterno, por decreto celestial, preparou e confiou a Israel tudo o que seja Sua Palavra. Entendi bem Dr. Avraham?
Dr. Avraham: Creio que você é um bom aluno. Obrigado.