quinta-feira, 29 de abril de 2010

O ÊXODO DECODIFICADO

Trata-se de um documentário de produção independente, que fornece informações muito úteis sobre a veracidade dos eventos relatados no livro bíblico do Êxodo. Basta clicar no título acima para acessar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

SEGUIDORES DA PALAVRA

Artigos interessantes que também devem ser analisados pelos seguidores do Blog Aliança Renovada. Basta clicar no título acima para acessar.

50 RAZÕES PARA SE OBSERVAR O SHABAT

Trata-se de um vídeo interessante elaborado pelo Rav. Shaul Bentsion, líder do Judaísmo do Caminho.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO

(Extraído do Livro "Tempo Final 3")

Por Sha'ul Bentsion

I – As Advertências e os Sinais

"Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda; Então, os que estiverem em Yehudá, fujam para os montes;" (Matitiyahu/ Mateus 24:15-16)

Aqui temos uma advertência bastante interessante e pertinente de Yeshua, para atentarmos para a "abominação da desolação." A referência de Yeshua é à profecia de Dani'el 9:27, que diz:

"E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador."

E ainda Dani'el 12:11 que diz:

"E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação da desolação, haverá mil duzentos e noventa dias."

Podemos perceber desses trechos, e do comentário de Yeshua e de Dani'el três coisas fundamentais:

1 – A "abominação da desolação" é um ato de profanação ao Beit HaMikdash (Templo).

2 – Esse ato de profanação será cometido pelo falso messias [anticristo] e pelos seus seguidores.


3 – O ato em si servirá de alerta para aqueles que habitarem em Israel no fim dos dias de que deverão fugir, pois a falsa aliança de paz do falso messias estará prestes a ser descumprida, e começará a mais brutal
perseguição de toda história do povo.

Como acontece em outros momentos, repare que Yeshua não explica a seus talmidim (discípulos) o que era a "abominação da desolação". É como se eles já estivessem plenamente familiarizados com o conceito.


II – O que é a Abominação?

A pergunta que temos que nos fazer é: O que é que um judeu do primeiro século compreendia como "abominação da desolação"? Existe algo mais nas Escrituras que possa nos esclarecer sobre o assunto, uma vez que Yeshua não dá detalhes?


Para entendermos isso, devemos voltar a um de nossos estudos sobre o falso messias. Nele, vimos que Sha'ul (Paulo) menciona "O Iníquo" (o homem contrário à Torá) porque sabia que esse era um dos apelidos de Antíoco Epifânio entre os judeus ("haReisha", na literatura judaica), à época da revolta dos Macabim (Macabeus). Para maiores detalhes sobre isso, veja o artigo sobre esse tema.


De fato, vemos que Macabim (Macabeus) fala sobre isso, e identifica alguns dos atos de Antíoco Epifânio:


"Pois o rei enviara cartas por mensageiros a Yerushalayim e às cidades de Yehudá para que seguissem as leis estrangeiras da terra. E proibiu ofertas queimadas, e sacrifício, e ofertas de libação, no Beit HaMikdash, e que eles profanassem os Shabatot e os dias festivos. E poluíssem o Santuário e o povo santo: E que erguessem altares, e postes ídolos, e capelas de ídolos e sacrificassem carne de porco, e feras imundas. E que deixassem seus filhos incircuncisos, e que tornassem suas almas abomináveis com toda sorte de imundícia e profanação, para que no fim pudessem esquecer a Torá, e mudar todas as ordenanças."  (Macabim Alef/1 Macabeus 1:44-49)

Nunca houve na história de Israel um dominador com tamanho ódio pelos preceitos da Torá, a ponto de querer destruí-la plenamente. Mesmo à época da dominação romana, o império permitia até certo ponto que a religião israelita fosse praticada, e os costumes fossem minimamente preservados.


Esse ódio peculiar de Antíoco Epifânio lhe rendera esse rótulo. Sha'ul  (Paulo) nos alerta, portanto, que o Iníquo que se levantará será semelhante a Antíoco, muito embora provavelmente irá muito além do este em sua crueldade.


Mas, será que temos algo semelhante sobre a abominação da desolação?


O primeiro indício do que é a "abominação da desolação" é algo que podemos extrair da Enciclopédia Judaica. Sobre ela, é dito:

"Tanto no hebraico bíblico quanto no rabínico 'abominação' é um termo familiar para um ídolo (1 Reis 11:5; 2 Reis 23:13; Sifra Kedoshim, começo, e Mekilta, Mishpatim 20, ed. Weiss, 107)."

De fato, vemos em Melachim Alef (1 Reis) 11:5:

"Porque Shlomo (Salomão) seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, e Milcom, a abominação dos amonitas."

E ainda em Melachim Beit (2 Reis) 23:13:

"O rei profanou também os altos que estavam defronte de Jerusalém, à mão direita do monte de Masite, os quais edificara Shlomo (Salomão), rei de Israel, a Astarote, a abominação dos sidônios, e a Quemós, a abominação dos moabitas, e a Milcom, a abominação dos filhos de Amom."


Portanto, vemos que 'abominação' é um ídolo. A Enciclopédia Judaica, contudo, não esclarece a questão da "abominação da desolação" (até porque é uma preocupação muito mais da teologia neo-testamentária, face à ênfase dada por Yeshua.)


III – A Abominação da Desolação de Antíoco

Mas, se Antíoco Epifânio era "O Iníquo", e entendê-lo serve para tipificar o entendimento do "Iníquo" que virá, e se sabemos que Antíoco Epifânio profanou o Beit HaMikdash (Templo), fato esse narrado nos livros dos Macabim (Macabeus) e nas tradições envolvendo a festa de Chanuká, então será que esses mesmos livros podem nos fornecer alguma informação do que é especificamente a "abominação da desolação"?

A resposta é sim, e é o que veremos abaixo:

"No décimo-quinto dia do mês de Kislev, no ano cento e quarenta e cinco, eles colocaram a abominação da desolação sobre o altar, e construíram altares ao longo de todas as cidades de Yehudá, em todos os lados. E queimaram incenso às portas de suas casas, e nas ruas. E depois de despedaçarem os livros da Torá que encontraram, eles os queimaram com fogo. E quem quer que fosse encontrado com qualquer livro do testemunho, ou se alguém se comprometesse com a Torá, o decreto do rei era que fossem mortos." – (Macabim Alef/1 Macabeus 1:54-58)


Aqui vemos que de fato Antíoco Epifânio colocou uma "abominação da desolação" sobre o altar do Beit HaMikdash (Templo). Mas, afinal, o que era essa "abominação da desolação"?

A resposta pode ser encontrada em Macabim Beit (2 Macabeus), que explicita claramente qual era a divindade adorada por Antíoco Epifânio e que seria imposta à força sobre os judeus na época da dominação do império greco-sírio:

"E no dia do aniversário do rei, todos os meses, eles eram trazidos amargamente à força para comerem dos sacrifícios. E quando o jejum de Baco era observado, os judeus eram forçados a seguirem em procissão a Baco, carregando hera." (Macabim Beit/2 Macabeus 6:7)

Aqui vemos que Antíoco Epifânio era adorador de Baco. Mas quem é Baco?


IV – O deus da Desolação


Baco era uma divindade conhecida como Dionísio na mitologia grega. Era um mortal que "se elevou à categoria de deus" por ser filho de Zeus. Em sua obra "A Mitologia de Todas as Raças, vol. 1", William Sherwood Fox explica acerca de Dionísio:

"A palavra Dionísio é divisível em duas partes, a primeira originalmente Dios (ie. Zeus) enquanto a segunda é de significado desconhecido, embora talvez ligado ao nome do monte Nysa..."

Nysa é um monte que na literatura grega está associado à figura das ninfas. As ninfas eram essencialmente entidades femininas.


William Smith, no "Dicionário de Biografia e Mitologia Grega e Romana" diz que o culto a Dionísio era fortemente associado a bodes, touros, serpentes e à hera.


Uma escultura romana do primeiro século mostra Dionísio, renascido da coxa de Zeus, com sua mãe. O poste em forma de cruz simboliza a morte de Dionísio. Podemos ver claramente que o símbolo não se originou com os seguidores de Yeshua.

Sabemos que Roma usava três formas de crucificação. Uma delas, a crux simplex, era simplesmente uma estaca em forma vertical. Outro formato, a crux comissa, era em forma de "T". A terceira, chamada de crux imissa, era em forma da cruz cristã tradicional.

As Boas Novas afirmam que Yeshua carregou "o madeiro":

"E, quando saíam, encontraram um homem cireneu, chamado Shimon (Simão), a quem constrangeram a levar o seu madeiro." (Matitiyahu/ Mateus 27:32)


Tanto a crux comissa quanto a crux imissa eram montadas a partir de duas peças, e o relato dá a entender que se trata de uma peça única. Não há nada que indique que Yeshua teria levado apenas parte do madeiro. Muito pelo contrário. E certamente ele não teria sequer suportado carregar uma crux comissa e uma crux imissa. Elas eram excessivamente pesadas e desajeitadas, além de serem compostas por duas peças.

De fato, isso bate melhor com o que diz o aramaico, que traz o termo "zekiypa". Esse termo vem da raíz do verbo "zekap", que significa literalmente "elevar" ou "erguer." Ou seja, a tradução mais literal é:


"Aquilo em que a pessoa era erguida" (para morrer). A tradução mais comum para "zekiypa" é "estaca."

Curiosamente, o professor Bart Ehrman, professor e catedrático do Departamento de Estudos Religiosos da Universidade da Carolina do Norte, e uma das maiores autoridades mundiais em teologia cristã, endossa a afirmação de Morton Smith em seu livro "Clemente de Alexandria e o Evangelho Secreto de Marcos", que afirma que:


"Clemente de Alexandria foi o primeiro autor cristão a se referir à cruz como 'um símbolo do Senhor.' Tendo vivido durante o final do primeiro século até cerca de 210 e 216, uma época em que o uso da cruz era raro no Cristianismo."


A Drª. Marienne Mehling, em seu comentário "Jerusalem and the Holy Land", ao falar da chamada "Via Dolorosa", afirma:


"Presume-se amplamente que o Cristo Cruficificado ficou em uma estaca (Latim: 'sedile'), cuja intenção era prolongar sua agonia. O fato de um dos que passavam colocar uma esponja cheia de vinagre em um cajado e objetivar dar a Jesus para beber (Mateus 27:48) sugere que seus pés estavam a cerca de uma jarda do chão."


Novamente, o relato não bate com a altura mais elevada da crux imissa, especialmente devido ao fato da mesma fazer com que a pessoa seja suspensa pelos braços (distanciando-a do chão).

Será que o culto a Dionísio teve alguma influência no uso posterior da cruz como símbolo do Cristianismo? Ou teria sido apenas uma coincidência dado o uso dos três tipos de "cruxes" romanas?

Mas, por enquanto, voltemos à época dos eventos da revolta dos Macabim (Macabeus), vemos que Antíoco Epifânio coloca um poste-ídolo de Dionísio no Beit HaMikdash (Templo) em provocação aos insurgentes:

"Ele estendeu sua mão direita em direção ao Beit HaMikdash e fez um juramento desta maneira: Se não me entregardes Yehudá como prisioneiro, eu tombarei este Beit HaMikdash de Elohim ao chão, e quebrarei o altar, e erguerei um templo notável a Baco." (Macabim Beit/2 Macabeus 14:28)


Mas, como era a imagem do poste-ídolo de Dionísio, ao qual os judeus foram forçados a fazer procissão, e que foi posto no altar?

A imagem traz o símbolo do crescente visível, que também tinha implicações de adoração para Antíoco Epifânio, e Dionísio (Baco) crucificado, em uma posição bastante familiar.

Essa é exatamente a "abominação da desolação" que foi colocada sobre o altar do Beit HaMikdash (Templo) à época da revolta dos Macabim (Macabeus): Uma imagem do filho de Dyeus/Zeus, que tipificava toda a rebeldia e transgressão, em afronta à Torá (Dionísio é conhecido na mitologia grega como um deus transgressor).

IV – Conclusão


Ainda sobre a "abominação da desolação", encontramos o seguinte em Guilyana (Apocalipse) 13:14-15:

"E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta."

Como sabemos de estudos anteriores, a besta montada sobre a grande meretriz, a Bavel (Babilônia), simbolizam o falso messias [anticristo] e o seu sistema religioso.


No fim dos tempos, os adoradores do Cristo romano forçarão os judeus a carregarem uma imagem do seu deus para dentro do Beit HaMikdash (Templo), para consagrarem-no [ao anticristo]. É bem provável que cheguem a afirmar que os próprios judeus e sejam a abominação, enquanto [os seguidores da besta] cumprem o propósito de HaSatan (Satanás) de enganar os moradores da terra.

Qual será a reação das pessoas ao verem a cruz "consagrada" sobre altar do Templo de Jerusalém?

Fiquemos atentos aos sinais, conforme Yeshua nos afirmou, pois Ele nos diz:

"Então, se alguém vos disser: Eis que o Mashiach está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; Porque surgirão falsos messias e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos." (Matitiyahu/ Mateus 24:23-24)

- O Rav. Shaul Bentsion é o principal líder espiritual do Judaísmo do Caminho, que crê em Yeshua (Jesus) como o verdadeiro Messias de Israel. Seus comentários são disponibilizados no site: http://forum.torahviva.org/index.php.


Obs.: As explicações entre colchetes foram acrescentadas pelo administrador do blog Aliança Renovada, para prover maior clareza ao sentido do texto aos que não estão familiarizados com o pensamento do autor deste artigo.